Aluízio Palmar recebe medalha Chico Mendes por trabalho de resgate da memória política

Tradicional premiação do Grupo Tortura Nunca Mais é nesta segunda (13) e vai ser transmitida pelo YouTube

O jornalista Aluízio Palmar recebe em cerimônia nesta segunda-feira (13) a medalha Chico Mendes de Resistência, tradicional premiação do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM). Natural do Rio de Janeiro, Palmar reside em Foz do Iguaçu e é editor do portal Documentos Revelados, que concentra dados e documentos sobre o período da ditadura cívico-militar brasileira. Ele é presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular, membro do Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Paraná, membro do Comitê Estadual Memória Verdade e Justiça e também colunista do Plural.

A cerimônia será transmitida pelo YouTube, a partir das 18h. O evento será a entrega formal do prêmio aos homenageados de 2020 – adiada por mais de um ano por causa da pandemia do coronavírus.

Todos os anos, desde 1989, a entrega ocorre na semana do dia 1 de abril, data do golpe militar no país. Desta vez, em virtude do adiamento provocado pela crise sanitária, foi escolhido o dia 13 de dezembro, em alusão ao dia de assinatura do Ato Institucional número 5, o AI-5, a mais severa medida baixada pelo golpe, que fechou o Congresso, disseminou a censura e sob a qual centenas de militantes foram assassinados.

A Medalha Chico Mendes de Resistência é um reconhecimento a pessoas e entidades envolvidas na luta contra a repressão sociopolítica. Por ano, são dez homenagens distintas, que consideram esforços em defesa dos direitos à vida e à liberdade e à dignidade e à memória.

Aluízio Palmar agora entra para o rol de medalhistas por causa de sua contribuição à luta contra a ditadura e ao fortalecimento democrático. Entre 1963 e 1964, coordenou o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, na Baixada Fluminense. Dirigiu o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e ajudou a fundou Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR8), estruturado inicialmente para a luta armada contra a ditadura.

Em 1971, o jornalista foi preso e banido do Brasil e seguiu para o Chile junto com outros 69 presos políticos. O exílio veio em troca da libertação do embaixador da Suíça Giovanni Bucher, sequestrado por guerrilheiros um ano antes. No Chile, governado pela Unidade Popular, ingressou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), onde militaram Carlos Lamarca e ex-presidenta Dilma Rousseff.

Após o golpe militar no Chile, em 1973, Palmar passa a viver entre o exílio e a clandestinidade, e só retorna ao Brasil em agosto de 1979, após entrar em vigor a anistia política. Em 2005, lançou a obra Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?, resultado de 26 anos de pesquisa para contar os últimos passos de seis guerrilheiros que estavam na Argentina e desapareceram ao ingressar no Brasil para liderar ações armadas no sul do país.

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