tumtum

na primeira vez que a mana perguntou se eu acreditava em fantasma eu tinha acabado de ver um. mesmo cabelo. jeito de andar. fiquei falando disso com ela e a real é que direto faço dessa. respondo umas parada nada a ver com as pergunta. não sei se respondo. na segunda vez a gente tava na cozinha

– não acredito nem desacredito mana. mas por quê?

– porque ella queda allí

– do lado do espelho?

– si

– eita. e tu?

– y yo que?

– acredita?

pessoa em situação de rua barca espremendo ciclista pedra papel polícia. nem todo mundo bota fé no que vê e às vezes penso que a vida é tipo uma mandala de bad trip. um parceiro do trampo me deu a letra esses dia. a gente olha pra onde a gente olha. de rolê com a dora aqui no centenário passamo por várias encruzilhada. às vezes tem galinha. peço licença tipo antes de entrar no mar. é uma questão de respeito. não boto fé nessa fita de melhor amigo mas dos 14 aos 16 tinha o bolinha. depois ele a mãe a irmã e o cunhado mudaram do ap de um quarto e com 18 a gente nem se falava mais. me chamaram no msn uma tarde. perguntaram se eu ia na missa de sétimo dia. uma barca furou o sinal e pegou o bolinha e a namorada na bis. a namorada sobreviveu.

se tem um bagulho que não muda as violência do garrincha pra elza é eles terem morrido no mesmo dia. minha mãe diz que isso rola quando quem foi primeiro vem pra buscar. não quero ir depois da fernanda. ela não quer ir antes de mim. quando minha vó mãe do meu pai ficou em coma minha mãe dormiu várias vezes na baia dela. na baia da minha vó morava também minha tia vó. minha tia vó era tipo o charles wikipédia do pânico. qual o aniversário do papa erika? 18 de maio. qual o nome daquela ruazinha que tem do lado do guadalupe erika? pedro ivo. a erika sabia tudo. ela era autista. quando a vó tava em coma a mãe dormia de dia no hospital e de noite com a erika. a baia tinha vários relógio. de hora em hora parecia viva.

primeira vez que almocei com a família da fernanda a bisa mãe da vó dela tava sentadinha no sofá. tinha uma manta no colo. a tevê ligada na fron. não sei se ela me confundiu com alguém das antiga mas sei que desatou a falar como se a gente se conhecesse. minha mão no meio das dela. dois toque bateram forte. o de que beleza não enche barriga. o de fazer o que acredita. um tempo depois ela faleceu e na cozinha da capela entrava e saía gente pra comer alguma coisa. entrava e ficava. na cozinha o papo era o podcast do caso evandro. eu tinha medo de escutar sozinho e a real é que ainda tenho. tem um som do djonga que diz

tenha medo de quem tá vivo

e respeito por quem tá morto

ouvindo desde cedo

cê já é preto

não sai desse jeito

se não eles te olha torto

lembro disso quando sinto uma presença um frio a sensação de dois olhos na nuca. lembro disso e da oração que aprendi nos coroinha

senhor amado deus

obrigado pelo dia de hoje

protege a nossa família e

que eu ouça meu coração amém

quando era pivete prestava atenção nas batida. ia ficando cabrero cabrero até disparar. às vezes rola de novo. leio. contam que Icu tinha tanto horror pelos castigos que Exu aplicava na terra que chamou ele pra um duelo. Exu não arregou. lutaram. Icu desviava de todas as porretadas e uma hora conseguiu desarmar Exu. só não deu o golpe de misericórdia porque Orunmilá tirou o porrete da mão dela. por isso dizem que ninguém pode derrotar Icu. Icu é a morte. Orunmilá tem o poder de prever o futuro.

o motorista da van trampou no shopping mueller na década de 90. a mãe dináh tava bombando na época porque tinha acertado o acidente dos mamonas. fama é um bagulho bizarro. o que que eu sei de fama. a fita é que quando pego carona com o cláudio a gente passa pela fron do shopping e aí ele conta que a mãe dináh previu uma bad em curita. a administração do shopping deu até treinamento de evacuação e a gente nunca sabe qual a última vez que vai ouvir uma história. de braço pra fora prefiro não saber. sinto o sol.

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