Aquarela
Sempre que saio do meu quarto, a primeira coisa que vejo é essa fusão de duas épocas da minha vida. Gosto de pensar que uma surge da outra, como se as andorinhas partissem da praia longínqua, inalcançável no tempo e no espaço
Sempre que saio do meu quarto, a primeira coisa que vejo é essa fusão de duas épocas da minha vida. Gosto de pensar que uma surge da outra, como se as andorinhas partissem da praia longínqua, inalcançável no tempo e no espaço
Abro o livro e, antes mesmo de partirmos, entro no mundo das mulheres quebradiças de Alice Munro. Conto a conto, vou vendo seus pedacinhos se espalharem em desventuras com filhos distantes, homens fugidios, pais indiferentes…
Penso em dizer à moça entristecida que não foi do nada, o rapaz já vinha elaborando aquilo, claro. Não somos máquinas, nem para amar, nem para ir embora
O celular toca. Juliana. Digo-lhe que já ligo. Desço as escadas rolantes do shopping, ligeiramente nauseado pela imersão na matilha de consumidores febris
Olho para uma figura tosca de mulher, cujas cores berrantes são um espasmo da pretensão impotente da artista
Considero a possibilidade de que o celular delas venha a ser substituído pelo estilete. Um outro tipo de suicídio consentido
Para deixar a multidão se esvair, fico olhando o metrô da outra pista ir embora. A lacraia metálica, terra adentro
Em meio ao burburinho dos clientes e aos gritos dos garçons para a cozinha, iniciamos então uma dessas conversas pontuadas de silêncio que costumamos ter
A tranquilidade das pessoas me faz pensar que já passaram por isso. Nesse caso sabem que o piloto nunca erra, ou pelo menos nunca errou, mesmo nas piores condições climáticas
Gostaria de olhar o rio sem pensar em nada específico, divagando a esmo