Mundo animal

Como diziam os Mamonas Assassinas, “os animal, tem uns bicho interessante, imaginem só como é o sexo dos elefante. E os camelos que tem as bolas em cima das costas, e as vaquinhas que por onde passam deixam um rastro de bosta”.

Realmente os animais são seres vivos interessantes e intrigantes, mas será mesmo que a gente sabe realmente o que os outros animais fazem quando não tem ninguém vendo?

Hoje em dia, veterinário não é mais apenas veterinário, é tudo integrado num lugar só. É veterinário, pet shop, hospitalzinho, hotel e até parquinho, onde dentre muitas coisas, os bichinhos podem interagir uns com os outros, sem precisar necessariamente que seus donos estejam junto com eles. E assim, longe dos donos, dois cachorros conversavam em um parquinho.

– E aí Percinho, tudo certo?

– Percinho é o caralho, meu nome é Percival! Percival!

– Vish, já vi que tá estressado hoje, eu hein! Tá certo que pincher é nervosinho, mas ultimamente você anda muito estressado.

– Na realidade é você que é muito sossegado. Já vi vira-lata de boa, mas acho que teu dono põe Rivotril na tua água, só pode.

– Hahaha, pode ser.

– Ainda tá fumando maconha?

– Só quando meu dono deixa uma ponta pela casa. Estes dias ele ficou puto.

– Já sei, você cagou em cima do sofá?

– Capaz! Não faço isso. Ficou puto porque sumiu um baseado inteiro dele, e era o último. Na real eu é que tinha fumado.

– Mas e aí, o que ele fez? Te colocou de castigo?

– Não fez nada. É que logo em seguida ele esqueceu o motivo de estar puto, aí ficou de boa. Ser filho de maconheiro tem suas vantagens! Hahaha. Me diga uma coisa, você faz isso?

– Fumar a maconha do meu dono?

– Não, fazer cocô no sofá.

– Ah, isso, só quando quero chamar atenção.

– Mas e porque você não late? É mais higiênico.

– Vai por mim, cagar fora do jornal é mais eficiente, e mais prazeroso.

– Hahaha! Você é uma figura Perci!

– Mas e você, Loucão, faz o que pra chamar atenção do teu dono?

– Ah, o básico, balanço o rabo.

– Mas e quando você fica puto com teu dono, faz o que?

– Ué, aí fumo um e fico de boa, hahaha. E você?

– Eu me faço de louco e despedaço as almofadas ou os calçados dele, como é prazeroso destruir uma havaianas! Principalmente quando está novinha!

– Sempre tive vontade disso, mas nunca tive coragem.

– Tem uma coisa que faço quando ele me deixa o dia todo sozinho.

– O que?

– Quando ele chega, só de sacanagem eu lambo todo o rosto dele.

– Mas isso não é sacanagem, é demonstração de carinho.

– Seria, se eu não passasse o dia todo lambendo o meu saco!

– Acho que você tá é precisando transar um pouco, e aquela cadela que você andava atrás? Não deu certo?

– Não muito, na hora H foi esquisito.

– Como assim?

– É que eu sou um pincher nº 0 e ela é uma labradora gigantesca!

– E o que tem isso? Que preconceito!

– Não é preconceito. Quando ela disse “vai com tudo”, fui com tudo e quando vi, eu tava dentro dela.

– Mas o objetivo não era este?

– Você não tá entendendo, eu literalmente entrei nela, e para sair, ela teve que praticamente me parir. Foi muito estranho aquele rolê, ela nunca mais atendeu minhas ligações e uivados.

– E porque não foi atrás de uma cachorrinha menor? Tem um monte no cio.

– Mania de grandeza, meu veterinário disse que pincher é assim mesmo, tô tratando isso junto com a bipolaridade.

– Olha só, quando meu dono vai surfar, sempre vou junto, e lá na praia de vez em quando rola umas cadelinhas lindas, você deveria colar lá qualquer hora dessas pra cheirar umas bundas novas.

– Como? Vestido assim? Nem fodendo! Com esse tamanho e essa roupinha ridícula que meu dono me colocou, pareço mais um hamster de veado!

– Para com isso, lá a bicharada é susse.

– E tem outra, viu o que aconteceu com o Bin Bin? Andava por aí bem louco, cheirando tudo quanto era cadela quando saía para passear, aí o Cássio, dono dele, castrou o coitado. E ouvi o Cássio dando essa dica para o Léo, meu dono, agora ele tá com essas ideias aí, querendo arrancar meus grãos!

– Aí é foda.

– Foda? Porra, é foda pra caralho! Literalmente! O engraçado é que o Léo dá em cima de um monte de mulher e nem por isso o bonitão cogita de arrancar as próprias bolas. É injusto!

Nisso eles ouviram um barulho, viraram de costas e perceberam que o Léo, dono do Loucão, estava ali atrás, ouvindo toda a conversa.

– Au au! (Disse o Percival)

– Relaxa, não precisa disfarçar, ele sempre me pega de surpresa quando tô no telefone falando com alguém.

– Tá, mas não dá nada?

– Não, porque no dia seguinte ele acha que foi efeito da maconha que fumou. Mas uma coisa é certa, depois do que ele ouviu você falando hoje, nunca mais vai me deixar lamber o rosto dele!

– Hahahaha.

– Hahahaha.

– Seu noia! Hahaha.

 

Leia mais crônicas de Fagner Zadra

https://www.plural.jor.br/discordancia-entre-bandidos/

https://www.plural.jor.br/viagens-de-onibus/

 

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima