Quando Curitiba voltará a ter voos internacionais?

Aeroporto Afonso Pena não tem ligações diretas para outros países desde março de 2020, no início da pandemia no Brasil

Uma reclamação frequente, e já antiga, do viajante curitibano é a escassa opção de voos internacionais partindo do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Tirando Buenos Aires e Assunção, sair de Curitiba direto para outro país, pode esquecer. Vai precisar mesmo fazer conexão em outra cidade, geralmente Guarulhos ou Campinas, para sair de terras brasileiras.

Hoje, inclusive, não há nenhum voo internacional no Afonso Pena. Desde o início da pandemia, as rotas das companhias aéreas somente ligam Curitiba a outras cidades do Brasil. O último voo para fora foi em 28 de março de 2020, para Assunção, pela Amaszonas. Na época também havia o voo direto para Buenos Aires operado pela Aerolineas Argentinas.

No caso do Afonso Pena, a pandemia só acentuou uma situação que era praticamente inexistente. Curitiba nunca demonstrou ter vocação para voos internacionais. Algumas empresas aéreas até tentaram em alguns momentos quebrar essa máxima, mas as tentativas duraram pouco tempo. Até mesmo pelas características dos voos.

No início do século, por exemplo, a Varig tinha voos entre Curitiba e Frankfurt e depois substituiu por Paris. Entre 2013 e 2016, a American Airlines tinha voos para Miami. O principal entrave era a necessidade de escala antes de partir realmente para a Europa ou Estados Unidos. A Varig fazia escala em Guarulhos e a American em Porto Alegre — a perna Miami-Curitiba era direta.

Ou seja, não eram voos diretos propriamente ditos. Apesar de toda a questão alfandegária ser feita em Curitiba e não haver a necessidade de trocar de avião, não era lá muito confortável, prática e rápido.

Nesse ponto caímos na questão eterna do Afonso Pena, que é a extensão da pista de pouso e decolagem. Com 2.218 metros de comprimento, a 911 metros acima do nível do mar, não há como um avião decolar cheio, de passageiros e carga, e pousar na Europa ou Estados Unidos sem escala para reabastecimento.

Há, portanto, uma questão física e de infraestrutura. Algo que deverá ser solucionado em breve, quando a terceira pista do aeroporto, com 3 mil metros de comprimento, estiver concluída. A responsabilidade do empreendimento é do Grupo CCR, que arrematou o Bloco Sul no leilão de aeroportos em abril. A previsão, pelo edital, é de que a pista seja construída até 2024.

A sonhada terceira pista vai tirar praticamente todas as restrições de operação. Em condições normais, terá capacidade para a decolagem de aviões de passageiros com destino à Europa e Estados Unidos, sem escalas. Passará a ser uma questão meramente econômica e não de infraestrutura. E é aí que pairam as dúvidas.

A terceira pista não significa que automaticamente as companhias aéreas vão lançar voos entre Curitiba e outros continentes. Muito pelo contrário. O que vai justificar esses potenciais voos é a demanda, em resumo, o dinheiro. Se as empresas projetarem uma busca grande e margens de lucro interessantes, pode ser possível. Caso continue sendo mais rentável abastecer os voos internacionais a partir de outros aeroportos, Curitiba seguirá voando apenas para Buenos Aires, Assunção e, quem sabe, Santiago.

Vale ressaltar que a inclusão da obrigatoriedade da construção da nova pista no Afonso Pena no edital do leilão foi uma questão de política pública. Pelos estudos realizados, não haveria a necessidade do empreendimento. A pressão do governo do Paraná e de entidades da sociedade civil forçaram a mudança com o processo em andamento.

O certo é que após 2024, quando se espera haja a terceira pista, vamos tirar a dúvida e saber se Curitiba tem alguma vocação para voos internacionais ou se o Afonso Pena seguirá como um aeroporto de rotas curtas e médias. Enquanto isso, resta aguardar até 31 de outubro, quando a Aerolineas Argentinas planeja voltar a Curitiba. Mas é só Buenos Aires.


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