Por que escrever sobre aviação?

Uma coluna sobre aviões e aeroportos só faz sentido se o autor for apaixonado por isso. Mas tem mais também

De antemão, já peço desculpas ao leitor que chegou aqui em busca de notícias e opiniões sobre aviação. É que a coluna de hoje vai em um caminho bem diferente ao de costume. Ela é meio autobiográfica, meio jornalística. Isso porque esta coluna Voo Direto só existe por dois motivos: sou apaixonado por aviação e comunicar aviação é importante. Dito isso, vamos ao que interessa, se é que interessa a alguém além de mim — quem sabe aqueles que me perguntam por curiosidade por que eu pesquiso e escrevo sobre aviação.

Vou começar do fim. Aviação é de interesse público. E é de interesse público mesmo que não seja acessível a uma parcela significativa da população, especialmente no Brasil. É inimaginável pensar o mundo sem aviação. Por mais que a pandemia da Covid-19 tenha mostrado que há muitas formas de se aproximar sem a necessidade de estar junto, os negócios e o turismo vão continuar sendo feitos pessoalmente — viajar pelo Google Street View, cá pra nós, não é viagem. Isso do ponto de vista do usuário.

Do lado da economia, a aviação movimenta muito dinheiro. Só para ter uma ideia, um motor de um avião comercial pode custar mais de US$ 30 milhões. Isso significa que tudo nesse setor é superlativo. A cadeia da aviação é enorme, envolve muitos atores e, consequentemente, gera muitos empregos. Já parou para pensar quantas pessoas trabalham em um aeroporto como o Afonso Pena, direta ou indiretamente com a aviação?

Só por aí é justificável que haja espaço para a aviação nos veículos de comunicação. E há espaço, é fato, principalmente nos veículos econômicos — e, claro, nos sites e revistas especializados no assunto. Mas sempre tratam de aviação com uma abordagem nacional. É aí que entra esta coluna, por exemplo, para falar do que voa no Paraná. Um recorte regional de um tema global.

Ok, mas por que eu, Gustavo, escrevo sobre aviação? Vamos então para outro caminho, para uma espécie de autobiografia. Calma, vou poupar o leitor e resumir ao máximo essa parte.

Meu pai viajava muito quando eu era pequeno e eu sempre ia com a minha mãe ao aeroporto para levá-lo e buscá-lo. Aviões, barulho de avião, gostei do negócio. Na adolescência batia ponto no Afonso Pena e “pilotava” nos simuladores de voo no computador. Quase fui piloto, fiz curso, mas parei no meio do caminho. Gostar de aviões e aeroportos é igual a gostar de carro, futebol, literatura. Só gosta e pronto.

O jornalismo ajudou a não me distanciar desse mundo. Fiz até projeto de conclusão de curso sobre o tema. Depois disso, me dediquei a pesquisar sobre alguns acontecimentos históricos da aviação e também a escrever jornalisticamente sobre o assunto. Ainda faço, inclusive neste espaço.

Há quem se especialize em política, em economia, em cultura, em gastronomia. Há também quem se aprofunde em aviação, mesmo que haja muito menos jornalistas cobrindo esse segmento. Eu fui por esse caminho. E tento sempre aproximar a aviação das pessoas quando escrevo em veículos não especializados. Quem acompanha esta coluna sabe que não uso termos muito técnicos e específicos, afinal não estou falando para pilotos, certo? Isso não faz com que o conteúdo seja raso ou superficial, apesar de muitos avgeeks (sim, existe o termo) acharem que não posso falar jatinho ou torre de controle. Se é assim que me farei entender, assim farei.

Para terminar este colóquio, convido o corajoso leitor que chegou até aqui para seguir acompanhando a coluna Voo Direto. É possível que eu escreva sobre algo que impacte a sua vida profissional ou pessoal, vai saber. Ou que seja interessante, não sei. Afinal quem não acha que a aviação tem algo de curioso e de encantador? Eu acho. Até a próxima.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Mentiras sinceras me interessam

Às vezes a mentira, ao menos, demonstra algum nível de constrangimento, algum nível de percepção de erro. Mas quando a verdade cruel é dita sem rodeios, o verniz civilizatório se perde

Leia mais »

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima