Os aviões que (ainda) não voei

Há tantos aviões para serem voados, mas muitos deles exigem uma boa dose de logística e um bom dinheiro

Dia desses me deparei no Instagram com um vídeo de um Boeing 737-200 de uma companhia aérea canadense chamada Chrono Aviation. Me chamou a atenção o fato de ser um avião com 40 anos de idade e que ainda voa regularmente. Com a evolução tecnológica e os altos custos da aviação, é raro ver uma aeronave dessas em operação.

E ao ver esse vídeo, logo pensei: ainda tenho uma chance de voar em um 737-200.

Não que seja a coisa mais simples – e barata – se desabar até o Canadá e pegar um voo para uma cidade qualquer perto do Ártico só para ter essa experiência. Mas fico feliz de ao menos existir essa possibilidade.

E falo isso porque há diversos aviões que não tive a oportunidade de voar, mas que gostaria. É uma coisa de quem gosta de aviação. O avião em si importa, faz parte da experiência como um todo. Mas sei que com o passar do tempo, torna-se mais difícil a possibilidade de viajar em determinadas aeronaves.

A minha lista é um pouco extensa e se divide basicamente em três categorias: 1) já era, não tem mais o que fazer; 2) é difícil, mas ainda é possível; 3) chance bem real.

Nem vou me dedicar a essa terceira categoria, afinal de contas ela tem aviões que são largamente usados ao redor do mundo, acessíveis, mas que ainda não tive a oportunidade. Digamos que é uma categoria manejável.

Tem a primeira categoria, que não adianta simplesmente querer. É uma simples questão de que o tempo passou e não tem mais nenhum avião em operação, seja lá por qual motivo — não necessariamente é a idade, afinal uma aeronave bem conservada pode voar tranquilamente.

Nessa categoria eu destaco o icônico Concorde, o supersônico mais famoso da história da aviação, que voou pela última vez em 2003. O avião poderia até ter durado um pouco mais, só que um acidente em 2000 com um exemplar da Air France em Paris abreviou essa história.

Possivelmente o Concorde não teria chegado a 2022 devido a questões econômicas ou ambientais. Era um avião que não faria sentido hoje. Mas seja como for, virou peça de museu. Aliás, foi assim que pude conhecer dois deles e ter o privilégio de pelo menos entrar em um, mesmo que estivesse parado e sem condições de voo.

O maior problema na minha divisão de categorias é a segunda. Essa é terrível. Isso porque ela apresenta uma lista razoável de aviões que seguem em operação, mas em condições muito específicas. Em muitos deles não basta pagar uma passagem e, pronto, embarcar e viajar.

Exatamente pela idade, muitos deixaram de servir a aviação comercial e se dedicaram a operações especiais, normalmente de transporte de cargas. É assim, por exemplo, com o trijato clássico Boeing 727. No Brasil há alguns voando, mas todos convertidos para carga aérea, o que restringe consideravelmente qualquer possibilidade de voar no dito cujo. E mesmo em outros cantos do mundo, não é muito diferente.

Pensando aqui rapidamente, essa lista tem outros clássicos, como Boeing 707, Boeing 737-200, Airbus A310, DC-3, DC-4, DC-9, DC-10, MD-11, MD-80 (e variantes), Convair 340, Convair 440, Embraer EMB-120, Lockheed Electra…

Melhor não seguir com a lista, porque vou me desanimar, afinal voar qualquer um desses aviões exige uma boa pesquisa, logística e, claro, algum dinheiro. O que resta, portanto, é imaginar. É tentar se transportar a um tempo em que esses aviões eram o normal, eram o dia a dia dos aeroportos.

E, claro, colocar no radar aqueles aviões que estão por aí e que não pretende deixá-los ir para a categoria 2, assim como já fiz com alguns que já são um pouco raros de ver por aí, como o Airbus A300, Boeing 737-300, 737-400, 737-500, 757-200, BAe 146, Fokker 100, Saab 2000.

O importante, no fim, é voar.

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