O que falta para que existam mais voos entre cidades do Paraná?

Conectividade aérea paranaense é deficiente e resposta para o problema pode estar na aviação regional

Uma das principais reclamações dos passageiros paranaenses é a falta de conectividade e de opções de voos entre cidades do estado. É uma queixa com total razão e que não é de hoje. Aliás, é um gargalo que vem de anos e que as companhias aéreas, ao menos parte delas, não demonstram grande interesse em resolver.

Hoje, há quatro ligações internas, todas com Curitiba em uma das pontas. A partir do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, saem voos com destino a Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá. Todas essas rotas são operadas pela Azul. E a ligação entre Curitiba e Londrina, desde 16 de junho, também é realizada pela novata AeroSul, com uma frequência de segunda a sexta-feira. E fica nisso.

Do ponto de vista do passageiro que precisa se deslocar entre a capital e essas principais cidades do interior, claramente faltam opções. Falta concorrência. E sem concorrência, sabemos, acaba pesando no bolso do usuário. Sem contar que também faltam opções de horários, ficando o passageiro à mercê do que as companhias aéreas, no caso a Azul, oferecem.

Se o horário ou o preço são inviáveis, a única alternativa é recorrer a voos com conexões, geralmente em São Paulo. É assim se o passageiro tiver de ir para Maringá ou Londrina pela Gol ou Latam, por exemplo. É necessário pegar um voo do Afonso Pena para Congonhas ou Guarulhos, esperar o tempo da conexão e tomar o próximo avião para o destino final. Perda de tempo e, muitas vezes, de dinheiro.

E olha que isso serve para voos ligando o interior e a capital. No caso de interior para o interior, essa é a realidade dominante. Quem precisa ir de Foz para Londrina tem de, inevitavelmente, embarcar em dois voos, com conexão em São Paulo, Campinas ou mesmo Curitiba. Não há outra saída.

E essa não é uma realidade que pode mudar rapidamente. Isso porque o que move o setor aéreo é o dinheiro. Onde não há garantia de retorno financeiro, não há voos. É simples assim. Ou seja, se não há voos diretos entre Cascavel e Maringá ou se a Latam e Gol não voam entre Curitiba e Londrina, é porque a conta não fecha. Além disso, a utilização de hubs para distribuir voos é, muitas vezes, a estratégia preferida das companhias aéreas.

A pandemia da Covid-19 retrocedeu ainda mais essa questão. Além das rotas suspensas do Voe Paraná, que eram operadas pela Gol em parceria com a TwoFlex, a Azul tinha voos de Curitiba a Toledo e Pato Branco. A VoePass preparava o lançamento da rota entre Ponta Grossa e Foz do Iguaçu.

É importante ressaltar que algumas dessas rotas só existiram porque o governo do Paraná, ainda na gestão Beto Richa, criou um programa de redução da alíquota do ICMS sobre o querosene de aviação para companhias aéreas que ampliassem os destinos no estado. Toledo e Pato Branco, por exemplo, entraram na malha de rotas da Azul por esse motivo. É dinheiro que manda.

A solução? Não é tão simples assim. Mas possivelmente ela passa pela aviação regional. E isso significa que não será uma questão para Gol, Latam e mesmo a Azul. Quem sabe para a AeroSul, que iniciou a rota entre Curitiba e Londrina, e já anunciou para julho conexões entre Londrina e Foz do Iguaçu e entre Curitiba e Pato Branco. E nos planos ainda estão as rotas Curitiba-Telêmaco Borba e Curitiba-Guarapuava.

A AeroSul, porém, opera com aviões Cessa Grand Caravan 208, com capacidade para 9 passageiros. Pode ser o suficiente para algumas rotas, pode não ser para outras. Sem contar que há um certo preconceito com esse tipo de aeronave, primeiro pelas próprias dimensões e também porque são turboélices. A própria companhia, que há até pouco tempo operava como táxi aéreo, vai ter de provar que pode dar certo.

Há também a expectativa da retomada do Voe Paraná, agora com a Azul Conecta substituindo a Gol e TwoFlex. O governo do estado, porém, ainda não conseguiu avançar nas negociações com a companhia para dedicar algumas aeronaves ao Paraná.


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