Da próxima vez que você viajar de avião por uma companhia aérea brasileira, muito possivelmente estará voando em um equipamento relativamente novo. Isso porque, ao contrário do que se imaginaria normalmente, o Brasil tem uma das frotas mais jovens do mundo na aviação comercial.
Entre as três maiores companhias brasileiras, a Azul é a que tem os aviões mais novos, com uma frota com idade média de 7,2 anos. Na sequência vem a Latam com 10,4 anos. E por fim a Gol com uma média de 10,6 anos.
E a tendência, aliás, é que a juventude se intensifique, especialmente na Azul e na Gol, com a substituição de geração dos E-Jets da Embraer e com a troca dos Boeing 737 NG pelo MAX, respectivamente. A Latam também segue recebendo novos aviões, mas em menor escala.
Quando é feita a comparação com companhias aéreas estrangeiras, fica nítido que o Brasil está bem posicionado nesse quesito. As americanas, por exemplo, têm frotas mais antigas, especialmente a United Airlines, com 16,7 anos de média. A Delta aparece com 14,3 anos e a American Airlines com 11,9 anos.
Em relação às empresas europeias, a situação não é tão diferente. Com frotas mais antigas estão Air France (14,4 anos), British Airways (13,3) e Lufthansa (12,1). Na média brasileira estão Iberia (9,2 anos) e TAP (8,2). Todos os dados são do Planespotters.net.
Mas por que o Brasil tem uma frota de aviões tão jovem na aviação comercial?
A resposta pode soar um pouco contraditória, mas isso ocorre porque é mais barato ter aviões mais novos. Sim, os aviões mais novos são mais caros para adquirir ou alugar das empresas de leasing. Então como pode acabar sendo mais barato?
É que no Brasil, sabemos, a lógica nem sempre prevalece. Isso porque há um fator determinante para os custos das companhias aéreas brasileiras, que é o combustível, no caso o querosene de aviação, o QAV. Só ele representa quase metade dos gastos das empresas brasileiras. E com o dólar em patamares altos, o combustível se torna um grande vilão.
E aí que os aviões mais novos entram e fazem a diferença. É que eles são mais modernos e, portanto, mais econômicos. Com isso, o custo geral com combustível cai significativamente com a operação de uma frota mais jovem. Ou seja, vale mais a pena pagar mais caro por aviões novos do que operar aviões mais baratos, porém menos econômicos.
Mesmo que seja por motivos meramente financeiros, os passageiros brasileiros acabam se beneficiando e voando em aeronaves mais novas. Isso, vale deixar claro, não significa necessariamente mais segurança. Os benefícios ficam no conforto e na sensação realmente de estar em uma máquina nova.
Sobre o/a autor/a
Gustavo Ribeiro
Jornalista e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), pesquisa e escreve sobre aviação desde 2006.