Eu consumo, ele consome, nós consumimos! E é sustentável?

Novas formas de consumir: o papel do consumidor para a sustentabilidade social e ambiental

Falamos muito sobre consumo sustentável, produções sustentáveis, políticas de governo e empresariais que nos levem à sustentabilidade social e ambiental. Mas será que compreendemos nosso papel enquanto consumidores? Será que exercemos critérios na hora da compra e sabemos como, ainda que em um momento de crise e inflação, contribuir diretamente para um consumo que pretende cuidar do futuro?

Diversas mudanças apresentadas pelas marcas em suas produções são fruto da reivindicação e pressão coletiva das pessoas. Há práticas que já não são mais toleradas, inclusive, com respaldo científico, como a questão da crise climática. Essa postura do consumidor foi acelerada pela pandemia e o relatório ‘10 Principais Tendências Globais de Consumo 2022’, da  Euromonitor, apontou que entre janeiro e fevereiro de 2021, 28% dos consumidores tentaram comprar produtos e serviços de origem local, considerada uma prática fundamental para uma nova economia.

Outro aspecto que está sendo modificado conforme registrou a 3ª edição da Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2021, desenvolvida pelo Instituto Akatu em parceria com a GlobeScan, é que a busca pelo estilo de vida sustentável demonstra maior engajamento entre a população brasileira. Anteriormente entre as limitações justificadas para não adotarem práticas saudáveis, “falta de tempo” e “outras pessoas não estão fazendo”, apresentavam resultados percentuais mais elevados.

O que é desenvolvimento sustentável?

Antes de falar diretamente sobre nosso papel, como cidadão consumidor, achamos interessante apresentar a definição que a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, ofereceu para o desenvolvimento sustentável, “sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”. Essa definição pretende harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Quando falamos em papel do consumidor acreditamos que essa definição pode ser usada como uma bússola, uma direção.

O meu modo de consumir preserva o futuro desta e das próximas gerações?

É importante contextualizar que somos um País cheio de desigualdades sociais, ambientais, econômicas e de letramento (leia também: O problema não é só a pobreza, é a desigualdade), nosso recorte pretende alcançar você leitor que tem poder de escolha entre marcas, que pode repensar seu consumo e que busca informações, além disso, acreditamos muito que partilhando conhecimento mais pessoas podem repassar essa reflexão adiante.

Sendo assim, ser sustentável está totalmente ligado à qualidade de produção e não quantidade, nessa prerrogativa precisamos pensar em marcas que optam por volume de peças e produtos de giro fácil e modismos, deixando de lado a qualidade e os produtos duráveis. 

Tradução do topo esquerdo para o rodapé direito: A Mágica do Marketing / Arranha-céus verdes (Green Skyscrapers) ; Aeronave verde (Green Aircraft); Energia Verde (Green Power); Eliminação de resíduos verde (Green Waste Disposal); Incinerador de lixo (Trash Burner); Carros Verdes (Green Cars); Embalagens Verdes (Green Packaging). Imagem: Andy Singer.

Para entender a responsabilidade do consumidor pela sustentabilidade, observe seu modo de consumo, lembre-se das suas últimas compras e de suas compras diárias, do cotidiano. Agora responda: ‘meu ciclo de consumo de roupas, alimentos, água, luz, conhecimento, leituras, contribui para o futuro das próximas gerações?’. Uma outra reflexão positiva para se colocar em prática é ‘o meu jeito de consumir ajuda os pequenos produtores e os locais?’.

Do local para o global, sempre!

A relação do consumidor com as marcas e com o governo

Não é nosso foco oferecer uma cartilha, temos o desejo de ajudar no letramento, na busca por novas leituras e na construção de uma consciência que possibilite mudança. Como disse Eduardo Galeano “Somos o que fazemos e, sobretudo, o que fazemos para mudar o que somos.”

O comportamento individual e coletivo das pessoas, do poder público e das empresas no planejamento e gerenciamento do consumo e do pós-consumo interfere diretamente na sustentabilidade da vida, da comunidade e do planeta. Não podemos mais pensar no planeta como uma pirâmide, somos um círculo. Cada atitude individual ou de um grupo, alimenta ações de uma empresa e facilita outras ações do poder público, estamos todos conectados.

Por isso, saber o quê, quando e como pesquisar sobre as marcas, locais e candidatos que você escolher vão ajudar o todo a preservar e evoluir.

Não temos no Brasil uma cultura saudável de leitura e conversas estruturadas sobre política, sobre as pautas de governo, precisamos criá-la. E em um ano eleitoral é essencial nutrir espaços de compartilhamento. Por exemplo, é nosso papel ler, observar e facilitar a leitura das propostas de governo. Em geral, esses documentos, quando existem, são de difícil interpretação e não carregam uma clareza de como os aspectos da Educação, da Economia, da preservação ambiental e tantos outros afetam o futuro coletivo. Existem também espaços apartidários para essa leitura, como o Instituto Aurora que tem o projeto ‘Meu, seu, nosso voto’, e o Instituto Akatu que oferece conteúdo, pesquisas e muito mais sobre consumo consciente.

Então, o lembrete desta edição vai para a importância de olhar para as marcas com as quais nos relacionamos e pressioná-las a terem políticas de preservação e incentivo social claras e com resultados tangíveis. Nós nutrimos relacionamentos com diversas marcas, do agronegócio à moda, nós podemos avaliar quais são as condições de trabalho que pelo menos uma, dessas marcas, oferece, quais são seus princípios, se são marcas locais, se trazem benefício para a cidade, estado ou apenas sugam as riquezas e a mão de obra local.

A via da sustentabilidade passa pelo consumo, porém ramifica as estruturas sociais, concepção do produto, logística até chegar a nossa casa. Não é à toa que o ESG se tornou uma tendência, porém além do relatório é necessário saber a efetividade das ações e isso necessita muita pesquisa e assumirmos a responsabilidade, entendendo nossa contribuição e relevância dentro da cadeia produtiva e consumidora.

Tem algum temas relacionados a futuro e sustentabilidade que gostaria de ver por aqui? Conhece alguma iniciativa bacana nesta linha? Vem trocar conosco! Envie um e-mail para [email protected] e [email protected].

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