Fim da Secretaria, desmonte de rádio e tevê, clássicos sertanejos: o que Ratinho fez na cultura

Área cultural passou longe de estar entre as prioridades da atual gestão no Paraná

A gestão de Ratinho Jr (PSD) na área da cultura foi criticada de maneira quase unânime pelos artistas e empreendedores ligados ao setor nos últimos quatro anos. Desde que assumiu, o governador do Paraná não apenas extinguiu a Secretaria da Cultura como levou várias estruturas importantes a perder relevância.

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A rádio e a tevê públicas foram parte desse processo de desmonte, que também atingiu o Guaíra e a Orquestra Sinfônica, por exemplo. O uso das verbas da Lei Aldir Blanc também foram objeto de denúncia. Veja alguns destaques da gestão cultural no governo desde 2019.

Extinção da Secretaria

Desde o começo do governo ficou claro que a área cultural não estava entre as prioridades de Ratinho. O governador extinguiu a Secretaria da Cultura, supostamente em nome da redução de gastos públicos. O que restou foi uma Superintendência de Cultura, subordinada à Secretaria da Comunicação. Além da redução de autonomia, isso implica principalmente uma perda de prestígio da área, que passa a depender de intermediação para fazer que seus pleitos cheguem ao governador.

TV Turismo

Um dos primeiros gestos depois da posse em relação à cultura foi a mudança radical no rumo da TV Educativa. A programação saiu do ar por tempo indeterminado, e quando voltou, estava totalmente transformada. A emissora ganhou o nome de Paraná Turismo e passou a se dedicar exclusivamente a “vender” o Paraná e seus municípios como destino.

A grade foi expurgada dos programas culturais – a ponto de o convênio com a TV Cultura, de São Paulo, deixar de fazer sentido e ser revogado. A Cultura encontrou outro meio de chegar aos paranaenses, por meio de uma retransmissora em UHF. E a Educativa deixou de educar.

Rádio implodida

Mudança quase tão radical quanto essa aconteceu na Rádio Educativa. Uma das mais importantes FMs de Curitiba, a emissora perdeu vários de seus programas mais tradicionais. Toda a programação de música clássica e jazz, por exemplo, foi limada da grade. Programas como o Radiocaos (hoje presente como podcast no Plural) e o Caleidoscópio saíram do ar sem maiores explicações. A hora do rush, que antes tinha o “Tempo de jazz”, agora apresenta música comercial.

Depois da mudança na programação, veio a demissão em massa de profissionais que havia décadas cuidavam da rádio. Para resolver o problema de seus profissionais serem pagos via cachê, o que era irregular, a emissora realizou um concurso via EPR, a organização social criada para fazer as contratações, e dispensou todos os antigos funcionários. Gente como Betina Müller, Rogéria Holtz e Cyro Ridal foi dispensada.

Clássicos sertanejos

Na Orquestra Sinfônica, uma das polêmicas foi a realização do circuito “Clássicos Sertanejos”. Segundo se diz, a ideia surgiu para agradar o governador, cuja família vem do interior e que não teria grande apreço pela música tradicionalmente tocada por orquestras. Em cinco municípios, os músicos tocaram desde música sertaneja mais antiga até faixas altamente comerciais.

Guaíra

A direção do Centro Cultural Teatro Guaíra foi trocada depois de anos de gestão de Mônica Rischbieter. A ex-diretora se queixou de, entre outras coisas, saber da dispensa via Diário Oficial, e de nem, sequer ter tido o direito de falar com o secretário de Comunicação.

Na saída, Mônica revelou que um de seus atritos com a gestão do governo ocorreu devido a uma diferença de interpretação quanto ao uso da verba da Lei Aldir Blanc. O governo precisava usar a verba ainda em 2021, mas deu um jeito de repassar para outras instituições para poder fazer uso ainda em 2022. O Guaíra, por exemplo, ficou encarregado de realizar um concurso de bandas e fanfarras.

Mônica consultou a Procuradoria Geral do Estado questionando a legalidade do ato. Logo em seguida, foi demitida. O governo afirma que o uso da verba é regular e está sendo feito dentro do que o governo federal permite.

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