É possível falar horas sobre comunicação usando essa charge de exemplo. E olha que ela já fala tanto…
Esses dias comentava em minhas redes sociais que não devemos nos calar e soltar nossa voz. É meu lema, sim. Mas nesse papo não deixei de reforçar algo importantíssimo sobre ter bom senso.
A comunicação deve ser usada para edificar, não o contrário.
Mas como faz isso, Silvia?
Elogiando, exaltando, ensinando, sendo exemplo.
Ouvi uma frase que me chamou muita a atenção certa vez: “nós só temos o direito de falar bem das pessoas”.
Eu não sei se isso vale para todos os âmbitos, como a política, por exemplo. Enquanto cidadãs e cidadãos precisamos estar atentos ao que é proposto para nossa nação.
Você tem o direito de expressar sua opinião, sim, mas você está preparado para a reação?
Os antigos já diziam: “Quem fala o que quer ouve o que não quer!”
Eu ia ficar muito sem graça se me dissessem pra “prender a língua”, como na ilustração. De repente minha ideia era realmente “ajudar”.
Mas qual foi a real ajuda aí, no caso?
Parece inocente, mas a verdade é que essa é apenas uma das atitudes que ajudam a destruir a nossa autoestima. Um “probleminha” que, com o tempo, pode se tornar algo muito maior.
Existem pessoas que passam a vida toda traumatizadas por algo que ouviram no passado. Um trauma emocional, como a percepção de que a pessoa vale menos que outras, é suficiente para causar uma ansiedade na vida adulta, segundo pesquisa encaminhada pela mestre em Psicologia, Vanessa Fioresi.
Existem tratamentos para abrandar palavras que jamais poderão ser desfeitas, mas o passado ficará sempre registrado. Claro que essa não é minha área e não pretendo me aprofundar, mas o que tento aqui é apenas apontar que há um risco iminente em tudo o que falamos: isso significa responsabilidade.
E para diminuir as consequências dessa fala insensata, que tal aquele desafio de calar-se quando for para criticar sem construção alguma?
É aquisição de cultura mesmo. E precisamos nos apropriar o quanto antes de hábitos saudáveis como este para crescermos mais e fazermos a diferença nesse mundo que anda tão carente de amor, de empatia, de solidariedade.
Falar é uma honra, uma benção do universo para podermos nos comunicar com o outro, expressar nossos sentimentos, nossa admiração, espalharmos nosso conhecimento.
Nossos ouvidos deveriam relaxar, mas estamos o tempo todo nos desgastando para filtrar o que ouvimos. E que bom que existe técnica pra isso!
Mas que tal ajudarmos o mundo com palavras menos duras, mais acolhedoras, propositivas e carinhosas.
- Não sabe fazer? Então não critique quem fez! Tenha soluções eficazes para sua crítica!
- Tá ruim? Então tenha certeza de que sabe fazer melhor, faça e ensine como fazer. Compartilhe o seu dom sem arrogância.
- Seja útil nesse mundo. Não um incômodo.
Pessoas já nascem muitas vezes cheias de problemas, de desafios, muitas vezes carregando uma bagagem que não é delas. Pessoas passam fome na infância, sofrem abusos na adolescência, trabalham desde crianças para sustentar famílias inteiras, se prostituem, adquirem doenças, nascem com deformidades, sofrem bullying, apanham, são humilhadas e assediadas em seus trabalhos, por parceiros, por familiares.
Se essa não é a sua situação, tenha certeza: você é privilegiada!
Mas já existem tantos e tantos problemas nesse mundo: não use sua boca para violentar o próximo.
Solta a tua voz com responsabilidade.
Sobre o/a autor/a
Silvia Valim
Silvia Valim é jornalista e professora universitária. É mestre em comunicação e especialista em jornalismo literário. Estuda a área de comunicação não violenta e para a paz.
Instagram @jornalistasilviavalim
E-mail: [email protected]