O que foi dito não tem volta

Falar e ouvir é criar uma conexão. E isso vale para qualquer linguagem, incluindo aqui a do corpo e dos sinais.

Mas já pensou na bagagem que trazemos dos nossos ancestrais, da nossa cultura, da nossa própria história? Certamente tudo isso interfere na nossa comunicação e, consequentemente, nas nossas conexões.

Isso quer dizer que eu já tenho uma reação pré-estabelecida que é inconsciente.

Ou seja: eu reajo a algo automaticamente.

É assim com a violência. O famoso “ação e reação”.

No modão popular a regra é “devolver na mesma moeda”.  E com isso será que aumentamos ou diminuímos a violência?

Se posso compartilhar uma dica preciosa para ajudar na sua comunicação é com algo tão simples e básico quanto piscar os olhos: pensar antes de falar.

Pensar antes de falar é analisar o todo; é perceber quem fala: ou seja, ter empatia com quem você fala.

Como é isso, Silvia?

Vamos observar na prática o caso Mariana Ferrer: Quando um advogado que defende um estuprador se dirige à vítima com frases desrespeitosas e depreciativas, é um claro sinal de que não há qualquer empatia com a vítima a ponto de parar por um segundo para compará-la com um ente querido, ou até uma filha que corre os mesmos riscos diariamente simplesmente pelo fato de ser mulher. É resultado de uma cultura machista que foi praticada no seu círculo familiar desde a infância.

É também um claro sinal de que não se pensou antes de abrir a boca.

Pensar antes de falar é tão importante quanto respirar!

Com isso, o que foi ouvido pode, sim, ser aproveitado. Como!? No mínimo, isso nos ensina a como não devemos fazer.

Mas o que foi dito, isso não tem volta.

Essas pessoas serão conhecidas para sempre por essas falas. Ficarão marcadas por essas expressões descabíveis – ainda mais dentro de um contexto jurídico – para sempre.

Podem se arrepender e aprender (tomara!), mas irão responder por isso.

Por isso a importância de pensar antes de falar.

Independentemente do que é certo ou errado, existe sempre uma vida do outro lado. Há uma história do outro lado. Há toda uma bagagem e, nós, não temos o direito de violar ninguém: seja fisicamente ou com palavras.

Use sua comunicação para a paz: construa, e não o contrário.

Evolua, não o contrário.

Ouça com amor e responda com mais amor.

Mas que solidariedade, ter empatia pode ser também um mecanismo de sabedoria.

Mariana Ferrer só pediu respeito enquanto estava sozinha naquela sala de conferência.

Milhões de vozes escoarão agora pedindo o mesmo.

Portanto, seja responsável com o que você comunica.

Pense antes de falar.

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