Empatia: Uma comunicação quase silenciosa

Nós precisamos de palavras que enriqueçam os outros, e não sejam um fardo. Necessitamos ganhar atenção do próximo por uma comunicação pacífica, livre de egocentrismo, descarregada de crenças e culturas

Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Tudo isso para trazer o sentido de que o revide deve ser planejado minuciosamente para ter um efeito muito mais intenso do que teve o ato que magoou tanto o vingador.

No entanto, vingança é um prato que nem deveria ser saboreado.

Porém, o termo “vingança” existe e quer denota castigo, pena, punição ou represália contra quem ofendeu ou causou algum dano. 

Da mesma forma existe também uma espécie de ‘vingança não-intencional’ ou não programado. Sabe aquela pessoa sabia da família que dizia “deixa que o universo se encarrega?”. É por aí!

Por exemplo, ser humilhada e, mais tarde, exaltada com algo surpreendente e que, de alguma forma pode atingir indiretamente quem causou um ato lesivo no passado. Por si só isso acaba sendo a resposta de uma vingança para quem praticou a humilhação. 

Lembro de ter sido demitida após fazer uma denúncia interna em uma instituição e, no mesmo dia, ter sido contratada em outra numa condição muito melhor e favorável. Agradeci a Deus, ao universo e segui. Não foi intencional, no entanto, eu soube que isso causou revolta em quem me demitiu porque, no fim das contas, este me fez um favor.

Aí nasce a gratidão! 

Ser grato é uma forma de ter paz em qualquer que seja a situação. 

Eu fico muito pensativa quando algo que me incomoda ou me ofende ocorre, no entanto, vejo que isso me ajuda na ter atitudes mais assertivas e até a me auto-conhecer.

Algo muito próximo dessa linha de raciocínio é a empatia. Aliás, ela vem antes da tomada de decisão. Ela é livre de pré-julgamentos. Ela é libertadora. E vai além de enxergar o outro com uma perspectiva diferente. 

Levar as coisas pelo lado pessoal é muito recorrente. Mas dá pra solucionar com diálogo, com reflexão, com respeito.

Ter empatia é uma comunicação quase silenciosa e de muita paz! Ela vem para deixar fluir sentimentos, emoções e fazer com que quem sofre esvazie-se do que o tortura.

Isso quer dizer que muitas vezes palavras ou atos que nos machucam não são necessariamente usados de forma pessoal. Não foram corretas, precisam ser reajustadas,  sim, mas tinham outra intenção. E quem nunca passou por isso que atire a primeira absolvição porque o que menos precisamos nesse mundo é condenação. 

Um dos tópicos para alcançarmos esse reajuste de linguagem é observarmos mais como falamos e escolhermos com cautela as palavras que vamos usar.

Temos o costume de nos anteciparmos nos conselhos e julgamentos, sendo que, muitas vezes, só o que precisamos fazer é ouvir.

“Você precisa pensar mais antes de agir”, eu poderia ter dito. Mas isso seria impositivo e carregado de julgamento: ou seja, eu estou dizendo de antemão que você não pensa antes de falar. E, com isso, qual sua motivação para mudar? Ou melhor, será que você acha que precisa mesmo mudar após uma afirmação agressiva como essa? 

O psicólogo Marshall Rosenberg explica no seu livro Comunicação Não-Violenta que a linguagem e o comportamento de alguns seres humanos nos impede de ver justamente sua natureza humana. Porém, “quando escutamos os sentimentos e necessidades das pessoas, paramos de vê-las como monstros”.

Nós precisamos de palavras que enriqueçam os outros, e não sejam um fardo. Necessitamos ganhar atenção do próximo por uma comunicação pacífica, livre de egocentrismo, descarregada de crenças e culturas.

Já reparou o quanto amamos contar nossas histórias, especialmente as de situações que nos afligem ou tiram nossa paz? 

Amamos ser ouvidos. Amamos desabafar. Amamos saber que estão, de fato, nos escutando. E não gostamos quando somos interrompidos por mera competição por quem tem a melhor (ou pior) história na hora do diálogo. Queremos saber que, naquele momento, somos importantes e estamos recebendo atenção. 

Por isso ,não precisamos ter tanta preocupação com conselhos ou em consolar com palavras: mais importante que falar é ouvir.

Quer saber mais sobre comunicação para a paz e diálogos empáticos? Fale comigo no Instagram:  @jornalistasilviavalim

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