Dia 78 – A torcida pelo piloto

O avião começa a cair. Parte dos passageiros começa a gritar. O capitão ameaça chamar o exército para calar os passageiros

Moscou, Rússia, março de 1994. Os passageiros do voo Aeroflot 593 aguardam a decolagem do Airbus A310 para voar, por dez horas, até Hong Kong. Com quatro horas de voo, o piloto convida seus filhos, um menino e uma menina, para visitar a cabine. O casal, feliz, se dirige ao local de comando.

Com o avião operando no piloto automático, o comandante permite que a filha ocupe seu lugar e, sabendo que o avião estava prestes a fazer uma curva – ainda automaticamente – sugere à menina que vire o controle da aeronave, dando a ela a impressão de que controlava o voo.

Vendo a alegria da irmã, o menino também tem sua vez de brincar de piloto. Na próxima curva, o pai o orienta a fazer o mesmo. O menino, mais velho e empolgado demais, faz força suficiente para que o controle da aeronave deixe de ser totalmente automático. Parte dos controles passa a ser manual, mas a equipe de comando não percebe.

Quando o co-piloto percebe que algo está errado, é tarde demais. Em três minutos e meio, uma série de tentativas desesperadas de retomar o controle da aeronave se mostra ineficaz e o Airbus voa de bico em direção ao solo, resultando na morte de todos os passageiros e tripulantes.

Yangzhou, China, janeiro de 2019. Uma garota chinesa posta uma foto em que estava na cabine de comando de um Airbus A320, com a legenda dizendo que estava muito feliz, graças ao piloto, que permitiu sua presença no cockpit e seus minutos para tirar algumas fotos.

Um blog especializado em aviação publica a mesma foto e critica o piloto, que colocou a segurança do voo em xeque ao permitir a presença da moça. Para ilustrar a irresponsabilidade, cita o caso da queda do avião russo em 1994.

A empresa aérea demite o piloto, que também é banido permanentemente da aviação comercial.

Brasil, 2020.

O piloto tem histórico de já ter tentado explodir os motores de um avião em outra empresa em que trabalhou.

O piloto já disse que, por ele, tinha que morrer uns 30 mil passageiros, pelo menos.

O piloto coloca seus filhos para pilotar a aeronave. Um deles apresenta suas credenciais para comandar: já fritou hambúrguer nos Estados Unidos.

O plano de voo é baseado com a premissa de que a Terra é plana.

Um repórter pergunta ao piloto:

– Esse plano de voo faz sentido?

– Não sei, eu nem sou piloto, eu sou paraquedista!

– Literal ou metafórico?

– Ambos!

– Mas como o Sr. pretende voar, então?

– Tá querendo saber demais de mim, você é gay, por acaso?

***

O avião começa a cair. Parte dos passageiros começa a gritar. O capitão ameaça chamar o exército para calar os passageiros.

Um passageiro está sentado ao lado do banheiro, mas acredita estar na primeira classe. Vendo a confusão, ainda comenta, antes de morrer:

– Que barulheira! Esse pessoal aí parece que tá torcendo contra!

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

O (des)encontro com Têmis

Têmis gostaria de ir ao encontro de Maria, uma jovem vítima de violência doméstica, mas o Brasil foi o grande responsável pelo desencontro

Leia mais »

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima