Dia 100 – O fim desta coluna

Pobre curitibano médio, que enterra seus familiares alegando que a morte é invenção da mídia

O jornalista na TV, com uma carinha tão tristinha, diz que 85% das UTIs de Curitiba estão ocupadas. Todas as notícias dão conta de que o curitibano médio realmente se importa muito pouco com a pandemia, seus efeitos e cuidados.

Aqui é Europa, né? Já esquecemos do que aconteceu na Europa e voltamos a nos sentir superiores demais para pegar a doença. Pobre curitibano médio, que enterra seus familiares alegando que a morte é invenção da mídia.

Admiro os que se dispõem a diariamente se dirigir a essa gente que se importa pouco ou nada, mas perdi a fé: os hábitos só mudarão se houver trauma.

Também não tenho mais o que falar sobre o presidente. Tendo o país perdido mais de 50 mil vidas e ele ainda dizendo que é exagero da mídia, todas as palavras que me vêm à mente para falar a respeito desse senhor me fariam ser preso ou excomungado pela santa igreja católica. No mínimo pensariam que eu fui acometido de uma severa síndrome de Tourette.

Um presidente minúsculo e um vírus gigante – tudo o que não precisávamos.

E porque tudo finda, e porque a quarentena vai durar pra sempre, e porque a quarentena quase não existe, e porque, principalmente, há planos maiores de uma outra coluna, esta acaba aqui.

Agradeço meus leitores e leitrizes que acompanharam até aqui. Até logo.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima