Superman & Lois, uma série com música à base de kryptonita

Perdeu-se uma oportunidade e tanto de utilizar um velho recurso: o leitmotiv

Todos os episódios da série Superman & Lois já estão disponíveis no streaming da HBO Max. São muitas as virtudes dessa produção, principalmente se levarmos em conta o universo um tanto questionável que a DC Comics vem tentando criar ao longo dos últimos anos. Nesta nova empreitada temos um Superman amadurecido enquanto pai de família, jornalista e protetor do planeta. Seu casamento com Lois Lane segue todas as dificuldades de uma “vida normal”, como a educação dos filhos adolescentes e o desemprego. A proposta é interessante, porque muitas questões periféricas, porém importantes, são resolvidas em um bem elaborado prólogo no primeiro episódio. Depois, a trama se desenrola com algumas surpresas, uma dose de romance, comédia e um desfecho dramático.

Música

Ocorre que no quesito musical a coisa são se resolve tão bem. Não por responsabilidade do compositor da trilha sonora, Dan Romer, mas em função do universo cinematográfico como um todo. Os temas musicais são interessantes, trazem um aspecto épico em determinados momentos, por meio de efeitos agressivos na mixagem e inserções dramáticas dos metais e da percussão, contudo, não se tem a presença de um leitmotiv que evoque toda a mitologia em torno do Superman.

Neste caso, fica impossível não fazer uma comparação entre a série e o que a Marvel vem fazendo no principal concorrente, o Disney+. Por lá, estrearam no último ano três séries impecáveis: Wandavision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki. Na primeira delas surge o tema dos Vingadores, numa citação rápida, apenas para demarcar posição e deixar cravado que se trata do mesmo universo, que entra em sua quarta fase. A DC não teve a mesma sacada, o que é uma pena, porque são donos do tema definitivo, que é a música composta por John Williams para o Superman do cinema. Por que não utilizar esse leitmotiv? Talvez porque haja uma divisão intencional entre TV e cinema, haja vista que atores diferentes têm vivido o homem de aço simultaneamente: Henry Cavill no cinema e Tyler Hoechlin na série de TV.

Aqui reside o ponto central disso tudo: fica evidente que o padrão de TV da DC é diferente do adotado no cinema, algo que não ocorre com a Marvel, cujas séries têm o mesmo refino dos filmes, em todas as modalidades. Não há como justificar essa diferença entre TV e cinema, porque depois de Game of Thrones os padrões foram equiparados em todos os sentidos. Enfim.

Mancadas na execução musical

Há um momento de grande importância para o desenvolvimento de três personagens, que retrata um festival musical no colégio de Ensino Médio da cidade de Smallvile. Tudo muito bonito, emocionante, até a música começar. A interpretação dos atores tocando os instrumentos é medonha, atrapalhada. Toca-se um acorde menor na trilha sonora e o indivíduo surge com um acorde maior formado no braço do violão, entre outras mancadas musicais. Já disse isso outras vezes: ator não tem a obrigação de saber tocar, diretor também não, mas todos têm que perguntar sobre aquilo que não entendem, do contrário que não se faça uma cena de execução musical.

Balanço

Apesar das incongruências, a série é boa de se maratonar. Os episódios têm bom ritmo e o final deixa algumas pontas soltas, de propósito, dando a entender que as respostas virão na próxima temporada.  

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