Capitã Marvel: um filme com cara e música dos anos 90

A trilha de um filme de super-heroína exige uma supercompositora. Daniel Derevecki diz que Pinar Toprak deu conta do recado

Criar a atmosfera de outra década é sempre um desafio. No novo filme do Universo Cinematográfico da Marvel, ambientado nos anos 90, a música foi um elemento crucial para isso. Quem tem entre 35 e 40 anos (e eu estou incluído neste grupo) vai entender perfeitamente o que eu quero dizer: quando você ouve Come As You Are, do Nirvana, é como se tivesse encontrado o seu velho walkman numa caixa em cima do teto da casa dos seus pais, com aquela fita K7 que ficava pronta para gravar um sucesso que tocasse no rádio.

Não para por aí, referências musicais surgem o tempo todo. Durante boa parte do filme, Carol Danvers (nome de batismo da Capitã Marvel) veste uma camiseta do Nine Inch Nails, embora, pelas referências que são mostradas, a banda do coração da heroína fosse mesmo o Guns N’Roses (ela aparece vestindo uma camiseta do disco Appetite For Destruction e até um ingresso para um show da banda está entre as suas lembranças da Terra).

Além disso, a tecnologia engatinhando é um show à parte. Ver a área de trabalho do Windows 95, a Internet discada, o pessoal esperando carregar o áudio de um CD-ROM, as caixas de VHS na videolocadora (aquele lugar onde pessoas do passado encontravam entretenimento para as noites e fins de semana), o letreiro da Blockbuster, um discman, uma jukebox, um pager e outras relíquias é engraçado e nostálgico.

Mulheres poderosas

A trilha de um filme de super-heroína exige uma supercompositora. Pinar Toprak, nascida em Istambul (Turquia) em 1980 e formada em música pela Berklee College Of Music, é a compositora que assina a trilha sonora. Conhecida por atuar em diferentes mídias – compondo para tevê, cinema e games – atuou ao lado de grandes nomes, como Hans Zimmer e William Ross.

Para Capitã Marvel, Pinar compôs um tema épico digno dos grandes heróis do cinema, com alguns elementos que remetem à música do Capitão América, como os metais na primeira parte. Não é aquela coisa marcial, é algo mais sutil, denso e sofisticado, mas lembra. Creio que essa conexão foi bem-vinda, porque tanto o Capitão quanto a Capitã têm sua origem nas forças armadas. Há ainda excelentes temas para as cenas de ação e para os momentos em que se desenvolve a personagem.

Leitmotiv

Recurso importado da ópera, o leitmotiv, ou momento condutor, é um trecho da peça musical que existe para fazer menção a um ou mais personagens. Esse recurso é muito utilizado na música do cinema e neste caso não foi diferente. Quem acompanha a Marvel sabe que o filme solo da Capitã veio para servir de ligação com os acontecimentos que serão vistos em abril, na sequência final dos Vingadores. Eles são citados no filme por meio de cinco notas do tema principal, só isso. Simples e direto. Recado dado.

Opiniões

Li algumas críticas do filme, especialmente sobre o aspecto musical, de gente dizendo que foi perdida uma oportunidade e tanto de se fazer uma ótima trilha sonora. Discordo. Acho que essa trilha foi feita, tanto pelas composições originais quanto pela seleção musical da época.

No mais é só estourar a pipoca, aumentar o som, curtir a trilha e mergulhar na cultura pop da década de 90.

https://open.spotify.com/playlist/3bZloAUl1o7nkiyiEZjzus?si=vePj4qEaSdi3IsOHARC_VA

https://open.spotify.com/album/7JkLtKFArRIE47ungawDy0?si=MdqXBgdQSC64jAj49TeFHA

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

O (des)encontro com Têmis

Têmis gostaria de ir ao encontro de Maria, uma jovem vítima de violência doméstica, mas o Brasil foi o grande responsável pelo desencontro

Leia mais »

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima