Sem as servidoras públicas, Curitiba para

Elas são 80% do funcionalismo público municipal, mas só recebem 75% do salário deles

Salários defasados, direitos retirados, carreiras destruídas, aposentadorias ameaçadas, adoecimento agravado e condições de trabalho precarizadas. Essa é apenas uma parte da lista de maldades implantadas pelas decisões da gestão do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), contra os servidores públicos do município.

Recentemente, em um ato que beira a covardia, a administração também revogou o último reajuste salarial concedido à categoria. Mas ao olharmos com atenção para os detalhes dessa triste realidade, constatamos ainda traços da cultura machista e que as mulheres são as mais penalizadas.

Curitiba possui mais de 25 mil funcionários públicos próprios. Desse total, aproximadamente 80% é mulher. Mas onde elas estão? De 32 cargos de primeiro escalão, incluindo secretarias, autarquias e empresas públicas, as mulheres comandam apenas 11 dessas pastas, ou seja, apenas 34%.

Mas esse machismo estrutural não se limita a essa questão. Ao analisarmos as informações sobre os rendimentos mensais do funcionalismo, identificamos que a média salarial das mulheres é 75,65% da média do salário dos homens.

Ou seja, eles, que ocupam a maior parte dos altos cargos de gestão e de tomadas de decisão da administração pública, ganham mais. Elas, que são maioria esmagadora do total de funcionários, especialmente nos serviços essenciais à população, como saúde e educação, trabalham mais e recebem menos.

Com apoio de sua base aliada na Câmara Municipal, a atual gestão também aprovou mudanças nas regras da previdência do funcionalismo municipal. A idade mínima para as mulheres terem direito a aposentadoria vai aumentar em sete anos. Para os homens, o acréscimo é de 5 anos. Novamente, o que se vê são traços do machismo e o desprezo pelas trabalhadoras.

Diante de tantas maldades contras as mulheres, é inevitável não questionar como seriam as condições dos servidores públicos se os homens fossem a maioria nos cargos e funções relacionados com os cuidados às pessoas, como é o caso das profissionais da educação, da saúde e da assistência social.

A administração do prefeito Rafael Greca se vende como uma excelente gestão. Mas essa versão não sobrevive sem a propaganda e os bordões que tentam desviar o foco das decisões que, penalizando os servidores públicos e sobretudo as mulheres, punem toda a população, especialmente aqueles que mais precisam dos serviços públicos.

Não é possível aceitar essa situação. Lutar contra esse machismo e essa falta de sensibilidade, que reproduzem e alimentam violências e desigualdades, é uma urgência, pois a Curitiba que queremos é a que também valoriza suas servidoras e promove a equidade. Viva a luta dos servidores públicos, viva a luta das trabalhadoras.

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