O Paraná também é nosso

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O Paraná nunca elegeu uma mulher negra ou um homem negro para o Congresso Nacional; é preciso impedir que essa história continue sendo reproduzida

O Brasil vive um dos piores momentos da sua história recente. O golpe de 2016 acertou em cheio a vida da população e, com a chegada de Bolsonaro ao Planalto, mergulhou o país em uma onda de retrocessos sociais e escândalos de corrupção. Mas as pesquisas de intenção de voto para as eleições deste ano, indicando a possibilidade do presidente Lula vencer no primeiro turno, mostram que a população já sabe o caminho para mudar essa realidade.

Contudo, para consertar o Brasil, vamos precisar muito mais do que tirar Bolsonaro. Sendo eleito, Lula terá a necessidade de uma base forte no Congresso Nacional, comprometida com a defesa e a construção de políticas públicas que voltem a garantir emprego, comida, saúde e educação para todas e todos. É neste contexto que aceitei o convite para colocar meu nome à disposição do partido como pré-candidata a deputada federal.

É um desafio grande, mas necessário diante das urgências que se apresentam. Em Curitiba já mostramos que é possível escrever uma nova história. Não falo apenas do grande feito de ter sido eleita a primeira mulher negra vereadora na história da capital. Já aprovamos duas leis fundamentais que mudam estruturas de opressão, cotas nos serviços públicos e prioridade no atendimento de mulheres em situação de violência, além de propor soluções e pautar demandas estratégicas da cidade.

Quando olhamos para o Paraná, que foi transformado por Ratinho Junior em um laboratório do bolsonarismo, observamos inúmeros problemas, mas também oportunidades para reproduzir as experiências que temos colocado em prática na cidade de Curitiba, tornando realidade demandas históricas da população, ignoradas pela política tradicional e descomprometida com a efetivação de uma sociedade plural e justa.

Nossa eleição e atuação em Curitiba acrescenta neste debate a relevância de garantirmos a representação de gênero e raça em todos os espaços, inclusive nos de poder. O Paraná nunca elegeu uma mulher negra ou um homem negro para o Congresso Nacional. É preciso impedir que essa história continue sendo reproduzida, pois isso impossibilita que tenhamos uma democracia efetivamente. Negras e negros construíram este estado e, por isso precisamos ocupar também os espaços de poder para reafirmar que o Paraná também é nosso.

Em março de 2021, na minha estreia nesta coluna, “Mulheres negras na política: chegamos para ficar” foi o título do artigo onde abordei a questão de que a diversidade das mulheres nos espaços de poder é o caminho para uma nova cultura política. Não apenas acredito nisso, como temos provado que é possível construir hoje um novo amanhã, defendendo o respeito à diversidade, combatendo desigualdades sociais, criando oportunidades para todas e todos. Os desafios são grandes, mas o nosso desejo de mudança é maior, pois a nossa luta é ancestral e imparável.

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