Mais do que um discurso

Transformar a política passa obrigatoriamente pela construção de uma nova forma de gerir o orçamento do município – composto pela arrecadação de tributos altíssimos que raramente dão o retorno esperado

Ter um mandato significa um permanente compromisso com a população. Não se trata apenas de representar o seu eleitorado, seu segmento ou região de atuação – que são atividades inerentes à atuação de uma figura pública. Falo aqui de uma responsabilidade ampla e irrestrita com o indivíduo – independentemente do voto ou preferência partidária.

Quem acompanha o meu trabalho sabe do rigor com que trato a pauta de economia e austeridade. Quando comecei o trabalho na Câmara Municipal de Curitiba, recusei todos os privilégios que estavam disponíveis, enxuguei a formação da equipe e procurei caminhos para reduzir o custo do trabalho da bancada. Isso talvez não seja uma grande novidade para quem acompanha o nosso trabalho, mas faço questão de explicar nesta coluna os motivos que sustentam essa pauta.

O principal deles é devolver o recurso para que seja aplicado em serviços em benefício das pessoas. Para ilustrar o impacto positivo que isso pode ter na cidade: até o final do mandato, em dezembro de 2024, nossa projeção é devolver mais de R$ 1 milhão para o orçamento do município. Essa economia é repassada para a Câmara, que destina para a prefeitura de Curitiba investir em áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança.

Sendo direta, quando recuso um privilégio, não é apenas em respeito aos valores e ideais que me levaram até a Câmara. É por ter a compreensão de que este recurso pode – e deve – ser aplicado para benefício direto à população.

Em Minas Gerais, temos um bom exemplo de como essa política faz a diferença. O governador Romeu Zema, do meu partido, não tem aeronave exclusiva à disposição. Vendeu ou transferiu para o comando aéreo do estado a frota que antes ficava exclusivamente à disposição do chefe do Poder Executivo estadual. Com o uso compartilhado, foi priorizado o transporte de órgãos para transplantes. Resultado: antes da pandemia, Minas Gerais foi destaque nacional como o estado que mais captou órgãos no país, salvando a vida de inúmeras pessoas.

Transformar a política passa obrigatoriamente pela construção de uma nova forma de gerir o orçamento do município – composto pela arrecadação de tributos altíssimos que raramente dão o retorno esperado.

Certamente, há pontos de melhoria nesse processo. No momento, considero que no Legislativo de Curitiba esse trâmite de realocação da economia ainda não acontece com a dinâmica ideal. Também buscamos uma forma de ter mais autonomia no remanejamento desse orçamento para priorizar ações que realmente façam a diferença na vida da população. Estes são ajustes que vamos buscar ao longo do mandato. Temos disposição e paciência para trabalhar pela desburocratização desta etapa também.

Mas é importante entender que a principal mudança já começou: a de cultura. Diariamente, trabalhamos para mostrar que é possível fazer mais com menos. Muito além de discurso, essa é uma forma prática de respeitar o dinheiro do pagador de impostos. E é neste caminho que vamos seguir.


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