Juventude curitibana e a periferia da vacinação

Mutirão para vacinar jovens bate recorde, mas ainda fica abaixo da meta

Em um dia de protagonismo da juventude, pude acompanhar com muita felicidade diversos apoiadores e amigos indo aos postos de vacinação neste sábado (21/08), com os braços a postos e olhos lacrimosos para receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A juventude curitibana encheu as redes com fotos sorridentes e vídeos emocionados, depois de tanto tempo de espera e enciumados por cidades que já vacinaram seus jovens há um bom tempo.

A administração municipal planejou vacinar 53 mil jovens nascidos de 1996 a 1998, porém este número foi menor que o esperado. Ainda assim, de acordo com informações divulgadas pela prefeitura, mais de 45 mil doses foram aplicadas, tornando este o maior número de pessoas vacinadas em um único dia na capital. Com isso, Curitiba chega a marca de mais de um milhão e duzentos mil pessoas imunizadas com a primeira dose.

Aos trancos e barrancos, um recorde que já chega ultrapassado, visto os diversos atrasos já conhecidos e amplamente criticados nas redes sociais, em comparação com os calendários de vacinação de outras cidades, e a própria falta de vacinas. Não somente isso, pois chega com 8 mil pessoas a menos que a expectativa da prefeitura para aquele dia, o que nos faz levantar as perguntas: o que leva 8 mil pessoas a não buscarem a vacinação? Seria o negacionismo uma nova barreira para a vacinação curitibana? O que virá depois do mutirão da vacina?

É fato que, para um país que possui uma cobertura de atuação do sistema público de saúde invejável até para países de primeiro mundo, o Brasil ainda patina desde a aquisição de vacinas até o momento da aplicação. E isso tem se refletido para os calendários de vacinação de todo o país. Estamos na faixa de mais de 575 mil mortos e 26% da população brasileira com a imunização completa. Assim, ficamos aqui imaginando o que teria sido da nossa juventude, que tanto esperou por este momento, se tivéssemos nos preocupado em quebrar recordes e não deixar ninguém para trás.

Durante uma crise sanitária que se arrasta por quase dois anos, realizar o cumprimento da busca ativa deixa de ser apenas uma obrigação e passa a ser uma urgência para que possamos diminuir o risco de contágio e nos livrar de outros males, como o constante ataque às vacinas e sua eficácia, as notícias falsas que circulam nas redes, a disputa de espaço ou de narrativa com a ciência e a ausência de incentivo do governo para chamar a população para vacinar.

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