Estamos escrevendo uma nova história

Alcançamos os lugares altos para falar por nós e, mais que apenas esperanças embaladas, trouxemos propostas, estudos, fatos e análises concretas

Contrariando estatísticas e avançando contra as correntes, vencemos, chegamos e ocupamos. Pela primeira vez na história, no ano de 2020 uma mulher negra foi eleita vereadora de Curitiba. Mais que apenas esperanças embaladas, trouxemos propostas, estudos, fatos e análises concretas, e apontamos o caminho que há tanto tempo os grandes estudiosos da negritude apresentam para o país.

Mas não tem sido fácil, pois estruturas calcadas em séculos de exploração não se desmontam do dia pra noite e àqueles que se acostumaram com a não presença da negritude nos espaços de poder se abalam com cada passo e cada conquista que nosso povo alcança dentro dos lugares privilegiados da nossa sociedade. Não é diferente dentro da Câmara Municipal de Curitiba.

Apesar dos desafios, estamos escrevendo uma nova história, pois a mão que maneja a caneta é a mesma que eleva o punho fechado em um brado por justiça. Em um ano de trabalho duro, nosso mandato já é histórico por ter alcançado um lugar que foi negado por 327 anos às mulheres negras. Para além disso, temos concretizado mais que apenas o início das mudanças na narrativa histórica.

Já apresentamos mais de 10 projetos de lei. O primeiro deles cria o sistema de cotas raciais nos concursos públicos e está prestes a ser votado no plenário da Câmara. Outros projetos protocolados pelo nosso mandato dispõem sobre prioridade no atendimento de mulheres vítimas de violência, vale-gás para a população vulnerável e nome social para as pessoas trans.

Ainda propomos projetos como o que denomina de Marielle Franco um CMEI de Curitiba, incentivo à pesquisa com cannabis medicinal, distribuição gratuita de máscaras e álcool gel, realização de testes anti-covid para toda a população e outros temas relevantes para grupos sociais que não são vistos como prioridade para a atual gestão.

Denunciamos e barramos o projeto ‘‘mesa autoritária’’, que previa multa a quem doasse alimentos para pessoas em situação de rua. Votamos contra o repasse de dinheiro às empresas do transporte e o ataque ao sistema de aposentadoria dos servidores municipais. Cobramos medidas da prefeitura para a vacinação da população dos bairros distantes do centro.

Também fiscalizamos e propomos alternativas para evitar a superlotação e a transmissão de Covid-19 no transporte coletivo. Aprovamos sugestão indicando à prefeitura a necessidade e a urgência de criação de um conselho municipal dos direitos de imigrantes e refugiados. Somando todas as ações de fiscalização, denúncias e propostas de solução, já encaminhamos mais de 100 iniciativas.

Ainda há muito o que se percorrer para alcançar a justiça, mas a história reivindicará que as mãos negras segurem as canetas e possam contar seus próprios caminhos e vitórias. A memória histórica não mais nos apagará, pois agora alcançamos os lugares altos para falar por nós. Quem já venceu correntes pode vencer qualquer batalha!

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