O tema da discriminação, seguido da violência, contra as mulheres negras no Brasil emergiu como um dispositivo para problematizar nuances de uma vivência, que nos leva a entender aspectos fundamentais sobre a subserviência atribuída às mulheres no processo colonial/patriarcal.
Nesse processo, as mulheres negras são atingidas de forma multiplicada. Na perspectiva de combate a essa dupla discriminação, surge o Julho das Pretas, que celebra o 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Afro Latina-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
O momento político que vivemos clama pela importância da defesa da vida das pessoas negras, mas é preciso transpor a narrativa da denúncia do genocídio para a valorização das vidas negras. Bem Viver é o projeto político que vem sendo construído desde a Marcha das Mulheres Negras, realizada em Brasília, em 2015, como o objetivo de desmonte desta realidade.
Nossa meta é a construção de uma nova sociedade em que os seres humanos vivam em igualdade e que se acabem as violências estruturais decorrentes dos processos de colonização. E isso, em um momento de crise, ou melhor, de reorganização, para construir outro modelo civilizatório que quebre com os parâmetros eurocêntricos de exploração e banalização da vida.
O Bem Viver valoriza a diversidade humana. Buscamos dar visibilidade para a pluralidade das mulheres negras do Brasil, que são plurais como suas frentes de luta. As mulheres negras organizadas têm atuado na educação por uma infância sem racismo, machismo e violência.
Também lutamos por uma adolescência segura e com possibilidades de futuro, considerando na agenda os temas sobre direitos sexuais e reprodutivos, sexualidade e família e educação pública de qualidade.
De igual importância é o tema da juventude, a faixa etária mais numerosa da população brasileira. Portanto, é fundamental defender o acesso e a permanência dos jovens nas universidades, além de acesso a emprego, a arte e a cultura.
Neste Julho das Pretas 2021, que nós, mulheres negras, possamos exigir dignidade e felicidade para todas nós, lutando pela implementação de políticas sociais e a retomada do processo democrático no nosso país.
Para ir além
Sobre o/a autor/a
Carol Dartora
Feminista negra, historiadora, especializada em Ensino de Filosofia e mestra em Educação pela UFPR. É a primeira mulher negra eleita deputada federal pelo Paraná.