Geração 140 caracteres

Uma das dificuldades das empresas é atrair e manter o engajamento dos milennials. Mas o que isso tem a ver com o escudo espartano?

Em 2016, conheci um jovem de 25 anos, um millennial da geração Y, Cristian Rocha. 

Um jovem genial, especialista em Inteligência Artificial que estava num momento de vida: ou escolhia trabalhar numa das grandes empresas que estavam o assediando (o que acontece até hoje) e ganhar um grande salário ou entrar num projeto com propósito, onde seu conhecimento fosse verdadeiramente aproveitado em benefício da humanidade.

Ele me mandou uma mensagem de 140 caracteres pedindo uma reunião para nos conhecermos pessoalmente e falarmos um pouco sobre a proposta do projeto Laura.

Menos de um ano depois, Cris recebeu uma proposta para estudar na Europa e fazer o mestrado dele. Ele chegou pra mim com a franqueza pertinente de sua geração, mas com o respeito de um homem oriundo de uma criação muito empática, avisando: sairia do projeto.

Eu perguntei: “Se acharmos uma forma de continuarmos conectados, você aceita continuar em nossa missão de salvar vidas, ciente que isso vai consumir horas a mais suas, exigindo um comprometimento maior?”

Ele aceitou o desafio.

Hoje, Cristian Rocha é meu sócio e segura o pesado escudo espartano para proteger meu coração, um verdadeiro mestre em Inteligência Artificial e nosso atual CEO.

Eu uso a analogia do escudo espartano, pois era uma das armas mais poderosas e um trunfo durante as guerras que estes históricos e poderosos homens guerrearam.

Era uma peça grande e pesada com 97 cm de circunferência e aproximadamente 40 quilos, difícil de ser carregado, o que exigia que o homem fosse fisicamente preparado para isso, independentemente de qual fosse sua geração ou idade.

Mas, em meio à batalha, esta peça bélica protegia a metade direita de seu corpo e a metade esquerda do corpo do soldado a seu lado, mais especificamente o coração do soldado companheiro. Quem protegia seu coração era o soldado parceiro.

Ou seja, estamos falando de um exercício pleno de comprometimento e confiança.

Fugir do campo de batalha, deixando o flanco desguarnecido, era motivo de morte para um soldado e uma desonra para sua família por gerações.

Quando falamos da geração Y, parece que falamos de um desafio organizacional descomunal. 

Sim, esta geração tem suas características singulares. São os jovens que nasceram entre os anos 80 e 2000 e que estão muito ligados à liberdade e inovação. Também conhecidos como millennials, essas pessoas chegaram ao mundo em um momento de pleno desenvolvimento tecnológico e econômico, além de viverem a ascensão da Internet. Foram crianças que tiveram acesso a facilidades com as quais seus pais jamais sonharam. Por isso, essa é a primeira geração que realmente podemos chamar de globalizada.

Essas características fazem deles pessoas ambiciosas e que estão constantemente atrás de melhores oportunidades. 

Ou seja, nada de querer enganar esses jovens com falsas promessas! 

Uma das maiores dificuldades das empresas atualmente está em manter esses jovens engajados e interessados no trabalho. Outra característica que vale a pena ressaltar é o sentimento de coletividade. A Geração Y quer fazer parte de algo maior e, por isso, tende a priorizar as necessidades do seu grupo para construir um sentimento de pertencimento.

Esta geração ocupa 51% das posições de trabalho e é responsável por 30% do consumo de varejo no mercado.

A Geração Y é movida por um sentimento de propósito aguçado e de fazer a diferença por onde passa. Por isso, começaram a voltar as atenções para as iniciativas sociais e ambientais das empresas.

Começar a pensar a comunicação da empresa muito além da divulgação dos produtos e serviços, estar engajado com problemas, sejam eles locais, sejam globais, é uma atitude decisiva para aumentar a relação de comprometimento com os millennials e as causas apoiadas por eles.

Tenha em mente que os millennials são ávidos por propósito, informação e agilidade. 

Aproveitar essas características tão importantes da Geração Y e colocar em pauta uma discussão importante sobre o que realmente faz a diferença na comunicação entre marcas e clientes!

Na década de 70, a forma mais instantânea de comunicação era o Telex, uma mistura de máquina de escrever e telefone, usada para mandar mensagens de 160 caracteres. Essa tecnologia, presente quando a geração X estava em pleno desenvolvimento, foi substituída pelo SMS dos celulares, que mantiveram esta limitação.

Em 2003, quando o Twitter foi lançado no mercado, já quando a geração Y estava em pleno desenvolvimento, para garantir que todos os aparelhos pudessem usar o app, também decidiram limitar o envio das mensagens em 160 caracteres, 140 para a mensagem e 20 para identificação do autor/remetente.

Ou seja, duas gerações com a mesma quantidade de comunicação prática para se expressarem entre si, de forma sucinta e simples: 140 caracteres para passar a mensagem e 20 caracteres para se identificar.

Pensando nisso, podemos entender que a comunicação – com 140 caracteres para se expressar – de nenhuma geração deveria ser muito extensa, cheia de rebarbas e saliências. Deve ser algo sincero e claro, direto ao ponto, permitindo uma decisão assertiva e objetiva, pelos dois interlocutores.

20 caracteres para se apresentar, deveria ser um padrão na hora de dizer quem somos e para o que viemos.

Simplicidade, propósito, paixão e comprometimento devem ser o conteúdo de todos as trocas sociais que tenhamos como humanos, independentemente da geração a qual pertencemos.

Então SER HUMANO, livre, conectado e inovador, independentemente de qual geração você pertence, consegue ser claro, simples, apaixonado e comprometido com seus semelhantes, sem abandonar o campo de batalha, protegendo o coração de seu companheiro em todos as esferas de sua vida?

Escolha ser um espartano preparado e fiel. Salve seu companheiro ao lado. 

Salve vidas, salve o planeta, salve sua família, mas salve alguém e alguma coisa. 

Não importa qual a sua geração.

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