FIM DO MUNDO, um poema de Laura Riding

O mundo acabado é semelhança em toda parte

O tímpano está no fim
A íris ficou transparente.
O sentido se desgasta.
Até o sentido está transparente.
A pressa alcança a pressa.
A terra arredonda a terra.
A mente encosta a mente.
Claro espetáculo: cadê o olho?

Tudo perdido, nenhum perigo
Força a mão heroica.
Corpos não se opõem mais
Um contra o outro. O mundo acabado
É semelhança em toda parte.
Caem os nomes do contraste
No centro que se expande.
O mar seco estende o universal.

Nem súplica nem negativa
Perturbam a evidência geral.
A lógica tem lógica, e eles ficam
Trancados nos braços um do outro,
Senão seriam loucos,
Com tudo perdido e nada que prove
Que até o nada sobrevive ao amor.

*****

LAURA RIDING (1901-1991) – Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

Em “Mindscapes, poemas de Laura Riding” (Editora Iluminuras, 2004).
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