Canção de outono

Sete mil anos este império, este efêmero, atônito paraíso...

Ninguém disse que seria fácil,

       que seria sopa, que seria sério,

que seria simples, que seria isto:

       O atentado durou um segundo,               

Sete mil anos este império,

        este efêmero, atônito paraíso;

este filme mudo chamado

        O Enigma do Mundo.

O atacante estava impedido

        O atraso não estava previsto

A brisa estava me cegando                           

        E o sentido estava me seguindo.

O barco singrava sem destino.

       O que ninguém tinha tentado:

Chegar inteiro à linha de chegada

        Ver o sol nascer de madrugada

Ter o dia, este acaso, como amigo,                          

       Luz de outono como emblema do real.

Amar cada segundo ávido

       Sem nenhuma dúvida,

Só para dar um sentido       

       à vida, este mal-entendido.

***

(De O Enigma das Ondas (Iluminuras, 2020, 152 páginas).


Para ir além

Breve história da solidão

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