Ninguém disse que seria fácil,
que seria sopa, que seria sério,
que seria simples, que seria isto:
O atentado durou um segundo,
Sete mil anos este império,
este efêmero, atônito paraíso;
este filme mudo chamado
O Enigma do Mundo.
O atacante estava impedido
O atraso não estava previsto
A brisa estava me cegando
E o sentido estava me seguindo.
O barco singrava sem destino.
O que ninguém tinha tentado:
Chegar inteiro à linha de chegada
Ver o sol nascer de madrugada
Ter o dia, este acaso, como amigo,
Luz de outono como emblema do real.
Amar cada segundo ávido
Sem nenhuma dúvida,
Só para dar um sentido
à vida, este mal-entendido.
***
(De O Enigma das Ondas (Iluminuras, 2020, 152 páginas).
Para ir além
Sobre o/a autor/a
Rodrigo Garcia Lopes
É escritor, tradutor e compositor. Nascido em Londrina (PR), publicou 18 livros de prosa e poesia, incluindo “O Enigma das Ondas” (Iluminuras, 2020).