RC, a história do nosso Brasil

Quem tem até 45 anos vai lembrar-se de muitas canções. Cantar muitas decor. Quem não ouvia rádio?

Vocês me desculpem: ignorar a história de Roberto Carlos é menosprezar a história do Brasil nos últimos 60 anos – dos anos 1950 até 2010. (Não dar valor para a voz do Rei é outra história, mas vamos deixar isso pra lá, por enquanto).

Quem tem até 45 anos vai lembrar-se de muitas canções. Cantar muitas decor. Quem não ouvia rádio? 

(A imprensa brasileira sempre foi elitista. Até hoje. Incluo-me nessa lista, e todos os veículos que eu trabalhei. Exceção da Tribuna do Paraná, antes de ser adquirida por um jornal local de extrema-direita. Isso explica, e muito, o preconceito em relação ao Rei.)

A biografia escrita por Paulo Cesar de Araújo em 2006, publicada pela Planeta, é mais do que uma bio; é uma enciclopédia de nossa história. 

Ouvi falar, pela (mesma) imprensa, que o livro foi proibido por RC pelo fato de Araújo discorrer sobre o acidente em que Roberto Carlos perdeu parte da perna, aos seis anos, em Cachoeiro de Itapemirim. Discordo. 

Na minha opinião, é porque a bio não economiza palavras para falar do Rei e de sexo. Namoradas. Amantes. Sim – ele tascou um beijo na boca em Wanderleia quando ela tinha só dezesseis anos, e ele, dezenove. Mais tarde, virou um romance. Sempre negado por ambos.

Sobre o acidente. O autor diz que ele foi um menino pobre, amado pela família e amigos, e feliz. Diz também que Roberto foi muito corajoso na forma como se comportou durante e depois do acidente.

Roberto Carlos, se você prestar atenção, é pardo, de cabelo crespo, um pouco baixo, do interior do Sudeste. O sotaque dele, meio carioca e meio mineiro, é evidente quando ele está no palco recebendo amigos. Enfim: um brasileiro. E, mesmo com metade da perna, a aparência física, e a voz um pouco fanha, ele conquistou dezenas de garotas e mulheres. Ou seja: foi feliz, apesar do trauma.

Fatos: Sempre foi romântico. Sempre trabalhou – canta desde os nove anos de idade. Sempre valorizou os músicos brasileiros. Isso, somado a um talento para palcos e TV.

Para entender melhor a história de RC, basta acompanhar as letras das músicas compostas por ele. E por Erasmo Carlos, parceiro e amigo.

(Bicho! O quê Araújo entrevistou de gente, meus amigos, não é bolinho. Ganhei o livro, mas quem quiser, tem na Estante Virtual e Mercado Livre.)

Mistureba

O livro escrito por Jotabê Medeiros, lançado esse ano para marcar os 80 anos do Rei, é muito bom. Serviu para me introduzir no universo RC: Por Isso Essa Voz Tamanha, da Todavia.

A autobiografia de Erasmo Carlos é outra pérola: Minha Fama de Mau, da Objetiva.

O documentário dirigido por Bial é uma imersão emocional na cabeça do parceiro do Rei: Erasmo 80, Globoplay.

Playlist minha no Spotify: RC (Bia Moraes).

Bônus:

Gosta de Caetano? Ouça a versão de “Muito Romântico”, de RC.

Quer saber como ele encarava o sexo? Ouça “Cavalgada”.

Curte soul music e gospel? Ouça “Todos Estão Surdos”.

Quer ouvir uma baita homenagem a Erasmo? “Amigo”.

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