Black Country, New Road e a primeira obra-prima musical do ano

Apesar do sucesso, vocalista anuncia que vai deixar a banda. Tempos de pandemia

Janeiro não foi fácil. Já desconfiava disso lá em meados de dezembro, mas não esperava essa retrospectiva dos piores momentos 2021, com direito a afastamento do local de trabalho por contato próximo com caso positivo. Dez dias em casa, esperando que se confirmasse algo que não se confirmou, negativei no Drive-Thru. Houve um hiato nos lançamentos fonográficos, nada muito empolgante, exceto o sensacional documentário dos Beatles que ficou rodando sem parar na televisão da sala e nos grupos de mensagens dos chegados. Por sorte, o amigo Elvis Costello salvou o mês com os Impostores.

Fevereiro começou melhor, não sei se por causa das comemorações ano novo chinês, ou pela chegada de meu novo headphone chinês, comprado pela internet em momento de desespero, e enviado diretamente do país em que se comemora a entrada do Ano do Tigre.

  • Mais um?!  Diz Sonia, indignada.
  • Mas esse é Hi-Res, e tem um ganho de graves perfeito para ouvir coisas como The Weeknd, o in-ear eu vou usar para caminhar, esse para ouvir em casa, eu estava precisando de um desses!

Bom, precisar talvez não seja o termo correto, lógico, mas os graves são realmente bons.

Agora, bom mesmo é o álbum novo do Black Country, New Road, arrisco dizer que é a primeira obra-prima de 2022. Escuto no loop enquanto retorno ao trabalho presencial, as aulas retornam nas escolas, ultrapassamos novamente a marca das mil mortes e o vocalista anuncia que vai deixar a banda. Leio no jornal inglês que a depressão o está impedindo de cantar e tocar. Pede desculpas aos fãs e aos companheiros e companheiras de banda, mas não rola mais.

É, amizade, parece que o ano não vai ser moleza, nem aqui, nem na China. Aliás, já faz um tempinho que não está rolando se empolgar muito com as piruetas do nosso planeta. Mas vejam, o Animal Collective passou a primeira década desse milênio lançando álbuns fantásticos, um atrás do outro. Depois, passou a segunda década sem lançar nada muito bom. Pois, para nossa alegria, acabam de soltar um disco que chega muito perto da qualidade daquela primeira produção. Quem sabe não é um prenúncio do que podemos esperar no meio dessa confusão?

Elvis Costello & The Imposters – The Boy Named If

O veterano lançou um ótimo álbum de rock com sua banda The Imposters, que nada mais é do que a formação clássica do The Attractions, com outro baixista.

The Weeknd – Dawn FM

Nunca gostei muito do som do The Weeknd, para mim sempre foi um daqueles fenômenos pop melosos que só fazem sentido para os americanos. Mas nos dois últimos discos, em que ele explora timbres e climas dos hits de pista dos anos 80, tem faixas muito boas e letras espertas.

Black Country, New Road – Ants From Up There

Segundo álbum do jovem septeto Inglês que anunciou a saída precoce de seu vocalista e guitarrista, Isaac Wood. Belas e dramáticas canções com influências de Post-Rock e No Wave. Um álbum para se ouvir do começo ao fim, e começar de novo.

Animal Collective – Time Skiffs

Ótimo lançamento da banda experimental de Baltimore. Combina a psicodelia eletrônica dos primeiros álbuns com estruturas de canções pop e os característicos vocais harmônicos “a la” Beach Boys.

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