Como as diferentes culturas poderão encontrar um conjunto de valores comuns para regular as relações entre potências mundiais interdependentes e o exercício do poder, especialmente no que diz respeito ao uso da ciência e tecnologia?
Na tentativa de responder a esse questionamento, Joseph Ratzinger, o ex-papa Bento XVI, afirma a necessidade de a política submeter o exercício do poder ao direito, garantindo a força que lhe é devida, no intuito de assegurar interesses contramajoritários e buscar soluções às ameaças contemporâneas, como o terrorismo.
O eclesiástico acredita que o modelo de Estado liberal e republicano, apesar de assegurar a legitimidade formal do exercício do poder, é incapaz de fornecer, por si só, o substrato ético necessário. Este deve ser buscado através da filosofia ou até mesmo da religiosidade.
O que se propõe não é a volta ao estilo de vida monástico, mas o abandono da ideia de que as religiões não têm mais nada a dizer. Se, por um lado, a razão já se mostrou merecedora de desconfianças, por outro, a religião exerceu papel fundamental na consolidação dos direitos humanos, hoje tidos por essenciais e indispensáveis.
Nada mais justo, portanto, do que razão e religião se unirem, em busca de novas cartilhas, orientadas aos deveres e limites da humanidade.
Sobre o/a autor/a
Giovanni Guaragni
Giovanni é professor de filosofia do direito e levaria livros e chimarrão a uma ilha deserta.