Diretor da peça Vênus Ex Libris, montagem inspirada no livro A Vênus das Peles, do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch, fala sobre sua encenação, onde os atores Ana Carolina Godoy e Rafael Steinhauser vivem um intenso encontro de dominação e submissão, e sua relação com Curitiba. O espetáculo será encenado na Galeria Casa da Imagem, dias 7, 8 e 9 de junho. No dia 8, haverá um bate-papo com o diretor após o espetáculo.

Você já passou por Curitiba com a montagem Hysteria, no Fringe, onde fez sucesso. Porque você acha que o público daqui costuma aplaudir todo espetáculo de pé, especialmente se tem atores globais?

De Hysteria para cá, já voltei a Curitiba mais sete vezes. Em todas elas, a plateia sempre aplaudiu de pé. Acho que eu não seria capaz de fazer esta avaliação com peça com “global” ou não “global”. Mas acho que nos dias de hoje, com uma campanha tão forte feita contra os artistas de todos os tipos no Brasil, acho que só o fato de a plateia aplaudir é sinal de que o Festival nestes anos todos foi capaz de criar uma plateia consciente e crítica.

Hysteria foi fruto de uma montagem coletiva com as atrizes, assim como Vênus Ex Libris com a dupla de atores. Você sente uma identificação especial com as mulheres?

Sim, tenho uma forte identificação e interesse pelo tema do feminino. Mas sobretudo porque vivemos num país extremamente machista, com alto índice de feminicídio. Acho que olhar para este tema é tentar entender este absurdo que vivemos.

Quem assiste à peça sente tesão? Ou medo?

Desde a mitologia grega, passando pela psicanálise, as energias de Eros (deus da paixão) e Tânatos (personificação da morte) sempre se misturaram. Acho que vai de cada um… Talvez um pouco de cada.

Fazer teatro dá dinheiro?

(Risos) Se eu fiquei rico? Eu diria que eu fiz bons amigos e tenho boas histórias para contar.

O que o fetiche tem a ver com intolerância na peça?

O fetiche é um tipo de fantasia. Embora a fantasia seja particular, muito subjetiva, na grande maioria das vezes ela reflete um delírio, essa medida que é do social, do coletivo, do público. Numa sociedade como a nossa, que abusa do poder, onde as relações de dominação estão sempre presentes, é muito fácil que essas fantasias, esse fetiche, se borre, ou que eles passem por esse lugar também.

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O que: Vênus Ex Libris

Quando: 7 e 8 de junho, às 21 horas, e 9 de junho, às 18 horas

Onde: Galeria Casa da Imagem – R. Dr. Faivre, 591 – Centro – Curitiba

Quanto: Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) pelo site: https://www.sympla.com.br/venus-ex-libris__541699

Para ir além

A Vênus das Peles, Leopold von Sacher-Masoch, Editora Hedra, 158 págs,

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