Cinco perguntas para Luciana Rafagnin

Deputada fala sobre o PT, o retorno à Assembleia, filhos e a participação das mulheres na política

Cientista política e agricultora familiar, vinda de uma família humilde, há 33 anos ela começou a atuar politicamente em sua cidade, Francisco Beltrão. Depois de se filiar ao PT, foi eleita vereadora por dois mandatos; depois, deputada estadual, reeleita em 2006. Luciana retornou à Assembleia Legislativa em 2019. Neste novo mandato, além de atuar como membro titular da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Idoso e da Pessoa com Deficiência, preside o Bloco Parlamentar da Agricultura Familiar.

São 30 anos dedicados ao PT. Como a senhora passou pela descrença no partido, e como resiste aos ataques dos bolsonaristas e à prisão do presidente Lula?

Participo do Partido dos Trabalhadores desde 1986, quando foi criado em Francisco Beltrão. Sou filiada desde 1989. No surgimento do partido, enfrentamos muitas dificuldades, pois era difícil falar sobre o nosso projeto para o país. Carimbavam o PT de “comunista”, como se isso fosse pejorativo, e diziam que se o PT chegasse a governar o Brasil, quem possuía um lote de terra ou uma casa iria perder o seu bem.

O PT conseguiu chegar a governar o Brasil e colocou em prática o maior projeto que o país já teve, no sentido da igualdade social. Priorizou as pessoas e valorizou programas e políticas de inclusão. Criou-se um ódio muito grande contra o PT, demonizaram a esquerda e isso se tornou uma espécie de senso comum. Algumas pessoas, mesmo sem saber o porquê, nos falam que não gostam do PT. Mas falam isso sem analisar a história, as lutas e as conquistas sociais que tivemos… Sem pensar que o momento em que o povo teve de fato oportunidade foi justamente nos governos do PT. É triste ver o Lula preso sem ter prova alguma contra ele. O triplex foi vendido e não era do Lula. O sítio, outro alvo de acusações, está aí nas notícias que o dono está colocando à venda, ou seja, não é do Lula. 

Os seus filhos participam da política?

Tenho dois filhos: o Camilo e a Giovana Rafagnin. Eles tiveram uma infância normal, mas sempre me acompanhavam nas reuniões. Por isso, sempre entenderam as lutas populares e partidárias; sempre participaram dos debates do partido e dos movimentos sociais. Eles compreenderam de que a minha luta política era, e é, pela construção de um Brasil melhor para todos. Eu fui deputada de 2001 a 2014. Em 2016, eu não era deputada, e o Camilo foi eleito vereador em Francisco Beltrão. Antes disso, foi presidente do grêmio estudantil do colégio, presidiu o diretório municipal do PT de Francisco Beltrão, integrou o coletivo de jovens do PT-PR e participa ativamente da política local e regional.

O quê a senhora costuma fazer nas férias? 

Na verdade, quando a gente está na função política, não tem final de semana de folga, feriado… De segunda a quarta-feira, estou na Assembleia; de quinta a domingo, visito o interior do Paraná, os municípios. Férias, férias mesmo, são de, no máximo, cinco dias, e com o celular ligado! 

As mulheres têm sido, cada vez mais, uma força presente na política. A senhora faz parte de uma geração de mulheres pioneiras. Como avalia o seu legado para as próximas gerações?

Fico feliz em ver as mulheres participando mais da política. Realmente, só vamos ter uma sociedade mais justa e melhor, se tivermos uma grande representação da mulher na política. Somos mais da metade da população e ainda é pequena essa representação; na Assembleia Legislativa, não chega a 10%. Na Câmara Federal, aumentou de 10% para 15% nas últimas eleições. É muito importante ver a mulher atuando mais, quebrando tabus e preconceitos. Eu espero que possamos ainda ocupar mais espaços de poder e decisão, inclusive, atingir a sonhada paridade, ou seja, com 50% de representação de homens e 50%, de mulheres. Reflete com mais precisão a nossa realidade. Também espero que bem mais mulheres se desafiem e sejam candidatas, para que possamos ter mais eleitas. 

A senhora pretende trabalhar até quando?

Quero continuar trabalhando enquanto estiver por aqui e com forças para participar. Isso não significa que tenho de ser candidata sempre, pois acredito que é importante renovar. Na militância popular, quero continuar participando e lutando até quando for necessário ou até quando perdurarem as injustiças e as razões que nos obrigam a lutar e a buscar a construção de um Brasil cada vez melhor.

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