Viajando pelo paladar espanhol sem sair de Curitiba

Nos últimos anos, público curitibano descobriu as maravilhas da culinária espanhola

Parecia que era pra ser. Carlos Aichinger tinha voltado da Espanha apaixonado pelo país. De novo em Curitiba, foi trabalhar numa feirinha de antiguidades justamente na Praça Espanha. Ficou de olho, até o dia em que apareceu um ponto por ali e ele pôde realizar seu sonho: abrir um restaurante de comida espanhola em sua cidade.

“Eu queria abrir algo de gastronomia espanhola, que tivesse desde as tapas até pratos tradicionais”, diz Carlos. Na época, 17 anos atrás, Curitiba não tinha muito espaço para a comida da Espanha. “Sempre que abriam um restaurante, fechava em seis meses”, ele conta. Mas Carlos insistiu e deu certo: depois de um ano e meio, a reforma estava pronta e o Pata Negra estava aberto.

Sem que soubesse, Carlos estava dando início a um movimento. Não só seu restaurante superou de longe os seis meses como foi precursor de outras casas especializadas em comida ibérica, cada uma com seu jeito diferente. “A Espanha é maravilhosa e eu tinha certeza que existia espaço para isso”, conta ele.

Não é só paella: restaurantes apresentam a variedade da culinária espanhola.

Carlos diz que em seu restaurante as coisas são feitas à moda tradicional. “De vez em quando me aparece alguém que diz que eu tenho que modernizar. Ora, como é que eu vou modernizar uma paella? Nem tudo precisa ser comida contemporânea, com molhos decorados. O restaurante mais antigo do mundo é espanhol e serve a paella sem modernidades”, diz ele.

As tapas (petiscos) hoje servem mais como entrada. Diferente do que acontece no Olivença, outro restaurante curitibano que decidiu apostar na culinária mediterrânea, de Portugal e da Espanha. Com oito anos de funcionamento, o restaurante (que ao contrário do Pata Negra não tem decoração temática) aposta mais em porções e petiscos espanhóis.

Olivença: tapas para ficar petiscando e conversando à mesa.

“O público que pede esse tipo de opção normalmente é mais jovem, eu diria que dos 25 aos 40 anos”, diz Raphael Zanette, proprietário do local. “O pessoal mais tradicional acaba preferindo os pratos mesmo”, diz ele.

Zanette conta que o público das tapas entendeu que a diversão desse tipo de culinária não está apenas em pedir algo no cardápio, comer e ir embora. “O gostoso é ficar horas conversando, compartilhando uma porção, pedindo outra coisa em seguida, ficar com os amigos”, diz ele.

Paella do Pata Negra: ao modo tradicional.

Outra opção que surgiu em Curitiba foi o Ibérico. Segundo Nelson Goulart, o proprietário, é comum que as pessoas que gostem da comida espanhola sejam pessoas que gostam de viajar, e que vão ao restaurante para matar as saudades da Espanha. “Antes da pandemia, tínhamos música espanhola, então a pessoa encontra todo um ambiente que lembra os lugares que as pessoas visitaram na Espanha”, afirma.

Segundo Nelson, os brasileiros descobriram a Espanha principalmente depois de 2000, com a União Europeia mais forte. “Antes as pessoas achavam que a Europa era França e Itália. E agora estão descobrindo que nas férias os europeus gostam mesmo é de ir para a Espanha e Portugal”, diz ele.

Carlos Aichinger, do Pata Negra, diz que a Copa do Mundo também ajudou a cidade a se aproximar dos espanhóis. “Recebemos uma multidão de espanhóis aqui em Curitiba, foi uma coisa linda”, diz ele. Mas mesmo sem isso, aposta ele, o crescimento da cidade já levaria a uma diversificação. “A cidade antes só tinha restaurantes italianos. Hoje tem comida de todo tipo.” E claro que a Espanha não ficaria de fora disso.

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