Sete escritores (e escritoras) de língua espanhola para você conhecer

A língua espanhola tem muito mais do que Cervantes a oferecer. Veja bons livros de autores recentes

Dezembro é época de fazer planos. Entre eles, planos de leitura. Se você é do tipo que gosta de fazer jornadas literárias, talvez se interesse por conhecer a belíssima safra de escritores e escritoras de língua espanhola que tem surgido nos últimos anos.

Claro, existem os clássicos, que podem ser tema de outra conversa. Primeiro, os maravilhosos livros que a Espanha produziu no auge de seu poderio econômico: gente como Cervantes, como seu rival Lope de Vega, como o deliciosamente lírico Calderón de la Barca

Outra geração inesquecível é a da explosão da literatura latino-americana, que nos deu os contos de Borges, os romances de García-Marquez, os poemas de Neruda, o humor finíssimo de Vargas Llosa, o pensamento de Julio Cortázar… Tudo isso em nossa língua irmã, aqui do lado.

E o que temos de novo hoje? Vamos falar de alguns dos nomes que surgiram nos últimos anos, começando por um que infelizmente já se foi.

1- Roberto Bolaño

É até estranho colocar o nome do chileno Roberto Bolaño numa lista dessas. Primeiro, em função de sua morte precoce. Depois, pela fama impressionante que ele alcançou quando seus livros finalmente receberam o reconhecimento devido.

Filho legítimo dos escritores que desbravaram a literatura do continente, Bolaño escreveu duas obras gigantescas que retratam não só o espírito de sua época como também a própria literatura que se andava fazendo por aqui.

O mais célebre talvez seja Detetives Selvagens, que conta a história de dois candidatos a escritores/artistas que percorrem uma jornada imensa atrás de uma poeta quase mítica, que é o grande ícone literário de ambos. Um livro genial sobre juventude e arte, que também trata de política e cultura, sempre com um tom algo rebelde.

A outra grande obra é 2666, uma série de histórias que se conectam e formam um belo e imenso panorama da América Latina Para quem quiser começar por livros menores, há vários deles, todos elogiadíssimos.

2- Cesar Aira

Nos últimos anos, o argentino Cesar Aira virou presença constante nas listas de favoritos ao Nobel de literatura. Aos 60 anos, ele talvez seja hoje o grande nome do meio literário em seu país e tem uma característica curiosa: produz tanto que se brinca que ninguém consegue ler tudo que ele escreve. Vanguardistas, mistura alta cultura com literatura popular e todos os estilos possíveis.

3- Alejandro Zambra

Poeta, contista e romancista chileno que vem ganhando cada vez mais público, inclusive fora da América Latina. Recentemente, foi chamado pelo New York Times para participar de um projeto de contos sobre a pandemia com 29 autores do mundo todo. Também já fez parte da famosa lista da Granta de melhores autores antes dos 35 anos. Aqui, a Tusquets publicou alguns de seus livros mais conhecidos, como A Arte de Voltar para Casa e Bonsai & A Vida Privada das Árvores.

4- Enrique Villa-Matas

Outro nome conhecidíssimo e que de vez em quando aparece como aposta para o Nobel. Popular não só na Espanha, tem uma imensa produção de contos e romances. Um dos mais premiados é Bartleby e Companhia, em que usa o personagem célebre de Herman Melville, o escrivão que é acometido por uma espécie de paralisia intelectual e prefere não fazer nada, para falar de um tipo social. Por aqui, o livro foi editado pela Cosac & Naify.

5- Teresa Cárdenas

Cubana que vem produzindo livros elogiadíssimos sobre seu país, sobre raça, sobre a situação das mulheres nas últimas três décadas. Num de seus títulos mais famosos, Cartas para Minha Mãe, uma menina negra escreve para a mãe já falecida para contar tudo sobre ela e sobre o mundo em que vive. Para quem gosta de literatura com fundo social, imperdível. No Brasil, os livros são editados pela Pallas.

6- Teresa de La Parra

Vamos fazer uma exceção e falar de uma escritora que viveu há quase um século mas que só recentemente chegou por aqui. A escritora venezuelana tem uma única obra publicada no Brasil. Ifigênia, um romance, saiu em edição primorosa da Carambaia, em 2016. A história fala de uma mulher da elite venezuelana que, por uma tragédia familiar, se v ê obrigada a voltar à Caracas dos anos 1920, onde às mulheres pouco restava além de monotonia e resignação a uma vida cheia de restrições. O bom, casamento era o sonho e a submissão ao homem a realidade. Atualíssimo.

7- Selva Almada

Outra argentina que vale conhecer. A Todavia lançou dela um livro que mistura ficção e reportagem, sobre três feminicídios: Andrea Danne, Maria Luísa Quevedo e Sarita Mundín, todas mortas nos anos 1980, são o mote de Garotas Mortas. Outro romance, Ladrilleros, também dela, está sendo adaptado para o cinema. Ainda no Brasil, a Cosac & Naify lançou dela O Vento que Arrasa.

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