[dê um título a este texto]

Planejei escrever este texto, mas não planejei um título

Sempre planejo o meu semestre com antecedência. Se você visse minha agenda agora você diria primeiro que ela já está cheia para, em seguida, me parabenizar por ter conseguido colocar tudo nela.

O problema dessa agenda cheia é que ela não guarda espaço para o imprevisto, o inesperado. Tem tanta coisa ali que se os extraterrestres invadirem o planeta eu provavelmente estarei em atendimento ou escrevendo.

Viver a neurose diária de tentar completar o que nos falta pode aniquilar nossa flexibilidade e adaptabilidade pela exigência autoimposta de uma forma de viver.

Podemos perguntar, mas por quê? O que perdemos se deixarmos um espaço na agenda para o desconhecido?

A pergunta correta seria se o que caberia nesse espaço?

A resposta é simples: o infinito.

Imagine se encerrássemos os registros para as novas invenções. Diríamos “chega” já inventamos de tudo – celular, foguetes, raio-x, mp3, secador de salada –, é melhor ficarmos com que temos, encerrados na impossibilidade de expansão pela inventividade humana. Parece-me óbvio perguntar: mas e tudo o mais que ainda podemos inventar? O quanto nossa vida poderia ser melhor, ou pior, pela influência daquilo que ainda não conhecemos?

Faz sentido, mas não é assim que fazemos. Nos encerramos para dentro de um sistema incompleto esperando que dele saiam todas as maravilhas que precisamos.

Mas, afinal, o que nos falta? O que é isso para o qual devemos deixar espaço? Justamente, isso que falta só existe enquanto categoria de faltante, isto é, estar em falta é a característica principal e é desta maneira que essa falta vira combustível para o fluxo criativo.

É o x das questões da ciência, que quando alcançado revela novíssimas questões ao mesmo tempo em que é compreendido.

O inominado do processo criativo, pelo qual artistas mantêm apaixonadamente um horizonte de criação.

O não sei bem definir da vida que embora sem definição vale o preço.

Eu sempre planejo, mas o que ficou fora do roteiro parece sempre ser a melhor parte da viagem.


Para ir além

Um enorme quebra-cabeça
Melhor que o silêncio
Uma verdadeira corrida contra o tempo
Disco voador: mistério(s) até debaixo d’água

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima