Watergate II – agora na versão VACINOGATE?

O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, isso mesmo, mas, nem por isso, o que se pode esperar do$ e$cândalo$ da$ vacina$?

Depois de ler o Plural, de costumeiro acesso todo o santo dia, há quem tenha passado por uma banca de revistas e comprado a Carta Capital desta semana. Outra leitura também indispensável. A capa, simplesmente arrasadora: VACINOGATE. Isso mesmo, em caixa alta. E, apropriadamente ilustrada com a imagem de uma seringa e, dentro dela, devidamente enroladas, notas de dólar. 

O texto, em 6 páginas, é assinado por André Barrocal. 

– O deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, está na mira a CPI, enquanto se avolumam os relatos de propina em negociações de vacinas. 

De lá para cá 

Watergate foi um dos maiores escândalos da história da política dos Estados Unidos. Cinco homens foram presos tentando invadir a sede do Partido Democrata, para plantar escutas telefônicas, em junho de 1972. Isso mobilizou dois jornalistas do The Washington Post — Carl Bernstein e Bob Woodward —, que passaram a investigar o caso. Um informante do FBI, conhecido como Garganta Profunda, auxiliou os jornalistas, que confirmaram: o presidente sabia da tentativa de espionagem. E a autoridade suprema do país passou a ser investigada pelo FBI; com as provas de que ele tentou eliminar, o impeachment estava a caminho. Richard Nixon, do Partido Republicano, antecipou-se, optando pela renúncia em agosto de 1974. 

Um caso paradigmático de corrupção. A frase follow the Money (siga o dinheiro) foi usada pela primeira vez no caso Watergate. 

Richard Nixon.

O “bárbaro espetáculo” 

Na mesma edição, Carta Capital destaca com chamadas na capa: 

– Boiadeiros/a troca de Ricardo Salles por Ferreira Leite não muda o rumo da “boiada”: há quase mil projetos contra o meio ambiente em tramitação na Câmara. 

– Economia/a vacinação em ritmo acelerado reduz as incertezas e impulsiona o crescimento nos Estados Unidos, Europa e China. 

O tal CPF cancelado 

E a revista aborda também, em texto de Rodrigo Martins (“Bárbaro espetáculo”), o caso Lázaro Barbosa, pistoleiro de aluguel morto a tiros após 20 dias de caçada (270 policiais). Um registro importante, até porque Bolsonaro, para quem “bandido bom é bandido morto”, comemorou o fato: “Mais um CPF cancelado”. E foi, sem surpresa, acompanhado por parlamentares bolsonaristas, que propõem “o endurecimento da legislação contra criminosos, um remédio tão eficaz quanto a cloroquina no combate à Covid-19”. 

– Se cadeia fosse o suficiente para resolver o problema da criminalidade, o Brasil seria uma das nações mais seguras, pois possui a terceira maior população carcerária do mundo. São mais de 702 mil detentos (referente ao período de janeiro a junho de 2020) e, desses, ao menos 209,2 mil são presos provisórios – ou seja, não foram condenados. E, três em cada quatro vítimas da violência policial são negras. No último país das Américas a abolir a escravidão, essas vidas não têm valor.

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