Toc, toc, toc… Quem bate? Sou eu…

Do vento frio de tocaia na Rua XV a outras inconstâncias do tempo, Curitiba faz por merecer muitas referências - e um título nacional

Já apontada como a capital mais fria do Brasil e, depois, com direito a neve e, agora, até ciclone(s), o tempo curitibano tem dado o que falar. E, é claro, não é de hoje. Um episódio: no dia 27 dezembro de 1971, Vinicius de Moraes inaugurou (regado a boas doses de uísque) o Teatro Paiol. Alguns meses depois, um jornalista curitibano, no Rio de Janeiro, foi à redação do Jornal do Brasil, o JB, para rever um amigo. Na saída, topa com o Poetinha, que o reconhece e estende a mão para cumprimentá-lo.

– Tudo bem? Você é de Curitiba, não é?

Diante da resposta positiva, a sempre previsível pergunta:

– Curitiba ainda tem aquele ventinho frio que se esconde nas esquinas e ataca quando a gente passa pela Rua XV?

O que justifica o título

Segundo os especialistas no assunto, Curitiba é considerada a capital mais fria do país devido à localização. Mais próxima da zona polar do sul, registra baixas temperaturas especialmente no inverno, quando a inclinação da Terra distancia a região dos raios solares.

Ainda dos meteorologistas:

– A capital paranaense não é a que está no extremo do território brasileiro: Florianópolis e Porto Alegre estão mais ao sul. Mas há dois fatores que influenciam o clima curitibano: a posição e o relevo. Curitiba está a 935 metros acima do nível do mar, enquanto Florianópolis e Porto Alegre são cidades com altitude zero ou quase isso.

Fazer o quê?

No frio, depois das providências de praxe (meia de lã, casacão, gorro…), há quem recorra ao copo. Providência, aliás, que independe do frio ou do calor. E, sobre isso, tem um episódio:

Vinicius de Moraes e Tom Jobim, depois de tomarem uma e muitas outras num boteco, embarcam no carro e seguem em frente. Algumas quadras depois, Vinicius, já preocupado, dá um conselho/sugestão a Tom:

– Vai devagar. Temos de dobrar na próxima esquina…

Tom responde:

– É, mas é você quem está dirigindo…

O episódio faz parte do livro Faíscas Verbais: A Genialidade na Ponta da Língua, de Márcio Bueno, Editora Gutenberg, 2016.

Ainda sobre o (nosso) frio: uma campanha publicitária, das Casas Pernambucanas, marcou época. Para apresentar sua linha de cama, mesa e banho para o inverno, lançou o comercial “Quem bate? É o frio”, que, depois, foi modernizado pela agência J. Walter Thompson. O famoso jingle, uma música ou canção curta utilizada para divulgar um produto ou serviço, foi criado por Heitor Carillo. Chegou às televisões brasileiras em 1962. O comercial original foi produzido pela Lynxfilm, produtora de Ruy Perotti e César Mêmolo Junior.

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