Pequenas coisas – mas não dá pra esquecer

Papo furado acontece em diversas circunstâncias e, mesmo irrelevante, acaba ficando marcado em função de algum episódio ou pano de fundo

Na terça-feira, o Paraná encarou a madrugada mais fria do ano, com temperaturas negativas em 24 municípios. Em Curitiba, ao amanhecer, o Simepar registrou 0,6°C, mas a sensação térmica chegou a -3,0°. E aí, no início da tarde, alguém dispara ao entrar num boteco:

– Deu uma esfriadinha, né?

No mesmo dia e mesmo local, televisor ligado, no início de uma partida de futebol na Europa, o narrador causou certo espanto entre alguns fregueses de olho na TV – e com o copo de cerveja sempre ao alcance da mão:

1 minuto de jogo, placar continua em branco…

Até hoje não consta que, ao ouvir o apito do juiz, dando início a uma partida, alguém tenha ignorado o futebol coletivo e, ainda no círculo central, tenha, a 50 metros de distância, marcado um gol com um chutão direto contra a meta do adversário.

Voltando no tempo, por conta da TV do mesmo bar, que era, então, um aparelho em preto e branco: dia 27 de outubro de 2002. Quando Lula venceu a eleição para presidente, alguém, muito possivelmente um embrião bolsonarista, não se conteve. E, de maneira arrogante, foi definitivo em seu comentário para todo mundo ouvir.

– Ganhou, mas não vai assumir.

Diante do silêncio geral, arrematou:

– Tem 1.200 soldados prontos para impedir a posse…

Era um suposto portador da verdade, até pelo (exato, preciso, redondo) número de militares que estariam de prontidão.

Mas, com frio, futebol, pandemia, corrupção, CPI, genocídio e outros trambiques, vale lembrar:

A vida é como andar de bicicleta. Para ter equilíbrio você tem que se manter em movimento.

Albert Einstein.

– A alegria evita mil males e prolonga a vida.

William Shakespeare.

– Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos.

Martin Luther King.

Coisas de ontem e anteontem

Nos tempos do jornalismo em papel, era bastante comum o que a redação chamava de “encher linguiça”. Encher linguiça também era utilizado no mundo acadêmico e algo bastante comum entre os alunos que tentavam ganhar pontos em uma prova ou exame com respostas nada objetivas, enrolando a respeito do conteúdo apenas para aparentar que escreveram mais linhas ou páginas.

Na redação de jornal, para preencher um espaço estabelecido pela diagramação da página, nem sempre o assunto abordado oferecia elementos suficientes. Uma lauda e meia, duas laudas? Daí o apelo para fugir do sucinto: enfeitar o pavão ao máximo, com muitos detalhes desnecessários. Ou engazopar. No futebol seria exagerar nos dribles ou malabarismos com a bola para matar o tempo.


Para ir além

Carta ao amigo sumido

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