Para quem – e não sem muitas pitadas de razão – anda reclamando do tempo em Curitiba (“virou uma caixinha de surpresas”): há quem aponte o lado positivo das traquinagens de São Pedro por nossas bandas. Recorrendo ao passado, é claro. Enquanto São Paulo era a terra da garoa, Curitiba poderia ser chamada de terra da neblina por conta da névoa baixa e fechada, nevoeiro ou cerração, como se preferir. Fiquemos com neblina: por conta do fenômeno, era comum o Aeroporto Afonso Pena permanecer fechado. Mas, décadas e décadas atrás, a dita cuja neblina virou uma espécie de bênção.
Construído em 1944, o AP era um aeródromo militar na então Colônia Afonso Pena, município de São José dos Pinhais. Por obra, graça e grana de uma iniciativa do governo norte-americano, com o apoio do então Ministério da Guerra do Brasil. Questão bélica e estratégica, por supuesto.
Pano de fundo, o Atlântico Sul
Com a II Guerra varrendo o mundo, o Afonso Pena serviria, caso necessário fosse, de base para os aliados enviarem aviões para combater no Atlântico Sul. Alvo: submarinos e navios da Alemanha nazista. Os senhores da guerra, ontem como hoje, não dormiam no ponto.
Engenheiros militares americanos escolheram a região a dedo: a constante formação de névoa serviria de camuflagem em caso de um contra-ataque. Tudo estratégico e militarmente perfeito. Já hoje, como se sabe, as guerras são outras, embora com os objetivos de sempre.
Assim, com a construção do novo terminal veio o aumento da demanda de passageiros e, no dia 26 de junho de 1996, o Aeroporto Afonso Pena galgou novo posto, passando a integrar a categoria internacional. A inauguração aconteceu naquele dia. Depois, tivemos a batalha pela implantação do ILS.
– ILS?
Sim. Sistema de pouso ou aterragem por instrumentos, também conhecido pela sigla ILS (Instrument Landing System). O sistema dá orientação precisa ao piloto na fase de aproximação final de uma determinada pista.
Mas é outra história – ou batalha.
Sem esquecer a anunciada privatização do nosso Afonso Pena.