O incrível político que empobreceu no cargo

Graciliano Ramos foi prefeito de Palmeira dos Índios, Alagoas. Eleito em 1927, exerceu o cargo por 2 anos

Já ensinava Maquiavel: “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.

E aí temos Eça de Queiroz: “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”.

A propósito de políticos honestos, nesses tempos cada vez mais bicudos, não há como deixar de citar (sempre) Graciliano Ramos. Exemplo como escritor e político. Autor, entre outras obras, de Vidas Secas (1938) e Memórias do Cárcere (1953, livro publicado postumamente), Graciliano foi prefeito de Palmeira dos Índios, Alagoas. Eleito em 1927, assumiu no ano seguinte, exercendo o cargo por 2 anos. Renunciou no dia 10 de abril de 1930, posto que, “embora ganhasse subsídios simbólicos, não se locupletava com a corrupção. Daí ter empobrecido em dois anos de mandato”.

– O escritor arredio, foi um tocador de obras que enfrentou fazendeiros e moralizou o comércio.

– Prefeito a contragosto, mandou os pedintes quebrar pedras em troca de dinheiro. Eles não foram mais vistos na cidade.

– Brigou até com o pai, o velho Sebastião Ramos, após mandar um fiscal multá-lo por descumprir a determinação da prefeitura de não deixar animais soltos nas ruas da cidade. Quando o pai, magoado, reclamou, Graciliano respondeu: “Prefeito não tem pai. Eu posso pagar sua multa. Mas terei de prender seus animais toda vez que o senhor deixar os bichos na rua”.

– Aí, um fiscal hesitou em multar o pai de Graciliano. “Prefeito não tem pai”, repetiu o Velho Graça.

Que falta faz Graciliano Ramos – também como político.

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