Nosso tempo – recheado de contratempos

O frio em Curitiba quebrou a rotina de muita gente – e, ao tomar banho, difícil mesmo era sair debaixo da água quentinha do chuveiro

Semana passada, na sexta-feira, Curitiba registrou a tarde mais fria desde 1997, segundo o Simepar – Sistema Meteorológico do Paraná. Máxima foi 5,3°C. O recorde anterior: dia 23 de julho de 2013, quando nevou por nossas bandas e o máximo que os termômetros registram foi 5ºC.  

Segundo os especialistas no assunto, Curitiba é considerada a capital mais fria do país devido à localização. Mais próxima da zona polar do sul, registra baixas temperaturas especialmente no inverno, por conta da inclinação da Terra que distancia a região dos raios solares.  

Ainda dos meteorologistas:  

– A capital paranaense não é a que está no extremo do território brasileiro: Florianópolis e Porto Alegre estão mais ao sul. Mas há dois fatores que influenciam o clima curitibano: a posição e o relevo. Curitiba está a 935 metros acima do nível do mar; já Florianópolis e Porto Alegre têm altitude zero, ou quase isso.  

O velho refúgio/abrigo

E temos bares cheios de homens vazios (Vinícius de Moraes), embora não fosse sábado.

Curitiba, a fria – (Fernando Pessoa Ferreira) ou Curitiba, a congelada?  

A rotina da maioria das pessoas foi quebrada, mas não a dos frequentadores de boteco. Desse modo, além do frio, o difícil foi aguentar alguns comentários dos vizinhos de mesa.  

Algumas coisas mudaram:  

– Salta uma cerveja…  

– Gelada?  

– Mais ou menos gelada… Pode ser mais pra menos.  

E alguém jurou ter visto na rua um homem usando luva.  

– Normal.  

– Que nada. Era uma luva de boxe…  

E, num certo bar, o dono pedia uma luva emprestada para meter a mão no freezer em busca de uma cerveja.  

– Não quero ficar com a mão congelada… Já está fria de doer.  

Provocação: alguém chega e dispara – “a cerveja de sempre”. E, quase ao mesmo tempo, quer saber se tem chimarrão.  

Velhos comentários, novamente inevitáveis:  

– Bons tempos os de antigamente, quando a previsão do tempo era na base do olhômetro e não acertava uma…  

E há quem tenha tentado iniciar uma conversa perguntando ao vizinho de balcão se ele tinha assistido Rio, 40 Graus – filme de Nelson Pereira dos Santos, lançado em 1955.  

Sério mesmo foi alguém que chegou bufando:  

– Tomei banho pela manhã. Mas, você não imagina… Terrível mesmo foi sair debaixo da água quentinha do chuveiro…  

Aí, há quem tenha voltado no tempo, recordando um comercial:  

– Quem bate? É o frio… Só que agora foi o frio de verdade.  

Foi inevitável ouvir outros comentários:  

– Curitiba, a fria? Agora tem de ser Curitiba, a congelada.  

– Quase que troquei a luva de lã por uma luva de boxe…  

– O problema não é o frio. É a sensação térmica…  

Felizmente, havia alguém que soube explicar:  

– Sensação térmica, ou, pra quem preferir, wind chill em inglês, ou temperatura aparente, é a forma como os nossos sentidos percebem a temperatura do ar, e que pode diferir da temperatura real. Isso se deve a condicionantes climatéricos que afetam a transferência de calor entre o corpo e o ar: a umidade, a densidade e a velocidade do vento.  

Muito mais definitivo foi quem quis saber:  

– Quando é que chega o verão? Cansei de ir dormir de pijama, gorro, cachecol e luva de lã…  

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