Já que, dias atrás, falamos aqui sobre do jogo do bicho, para muitos a única coisa honesta no Brasil, há que se ressaltar que nunca foi bem assim. O bicho já saiu, sim, fora dos trilhos. Basta ler o livro Trens, de Arnoldo Monteiro Bach, publicado em 2008:
– A data histórica de sua primeira viagem é o dia 30 de abril de 1854. O Brasil ganhou novos contornos. E a corrupção, novos caminhos. O jogo do bicho, que era diário e livre em todo o Brasil, tinha resultados transmitidos pelo telégrafo. Somente no dia seguinte é que, nas malas especiais ou por cartas enviadas pelo Correio, as listas chegavam aos chamados chalés (que antecederam as casas lotéricas).
– Alguns telegrafistas fraudavam os telegramas, anotando resultados faltos, que eram as milhares, centenas ou dezenas que haviam apostado. Recebiam o dinheiro dos palpites, mas não escapavam da punição, que ia até a demissão. Até que, em 1941, o jogo do bicho foi declarado ilegal, proibido pelo Decreto-lei número 3.688 e considerado contravenção juntamente com jogos de azar, atividade de cassinos e exploração não autorizada de loteria.
E temos o bicho nas telas: Amei um Bicheiro, 1952, filme de Paulo Wanderley e Jorge Ileli, produção da Atlântida Cinematográfica, argumento de autoria do ator Jorge Dória. No elenco, Grande Otelo, José Lewgoy, Cyll Farney, Josette Bertal, Jece Valadão e Wilson Grey.
Em tempo: um amigo só jogou uma vez no bicho. Completo neófito no assunto, foi conferir o resultado com o bicheiro.
– Ganhei?
– Não. Deu burro na cabeça. Seco e molhado.