A propósito do 1.º de maio que ainda está distante, há quem tenha reclamado:
– Pombas! O feriado do Dia do Trabalho vai cair logo num sábado…
Mas há quem tenha assinalado na folhinha outra data: 16 de maio, um domingo – Dia Mundial das Comunicações Sociais. Ato seguinte, mantendo um velho hábito, recorreu a seus arquivos, até porque não é de hoje a ojeriza de muita gente (e muitos setores) em relação a jornalistas. E, em muitos e muitos casos, até procede, já que não se trata do jornalismo de verdade, de fato plural, como o capitaneado pelo nosso Plural, é claro. Até porque há jornalistas e jornalistas. E é uma questão não apenas nossa, mas mundial.
Tanto que pinçou uma ferina observação de um artigo publicado na revista Carta Capital, tempos atrás.
– Quando reportagens citaram o plano de Kerry, geralmente foi uma análise de corrida de cavalos, sobre como ela se desenrola, e não o que há nela.
O autor do artigo: Paul Krugman – Prêmio Nobel de Economia de 2008. Título do artigo: “O jornalismo desinformado”. Krugman conta que certas reportagens “passam direto pelas verdadeiras questões políticas para especular sobre como elas influirão politicamente. Penso nisso como reportagem de segunda ordem, e é quase sempre ruim”.
Mais adiante, cita a campanha presidencial de 2004, nos EUA, quando fez “pesquisas minuciosas percorrendo dois meses de transcrições de noticiários”.
E destaca o que encontrou: “O senhor Kerry propõe gastar 650 bilhões de dólares para ampliar o seguro-saúde para famílias de baixa e média renda. Quer você aprove, quer não, não pode dizer que ele não abordou o tema. Por que este eleitor não ouviu falar a respeito?”.
Prossegue o Nobel: “Não importa os detalhes, eu não pude encontrar sequer uma declaração clara de que Kerry quer reverter os recentes cortes de impostos para pessoas de alta renda e usar o dinheiro para cobrir a maioria dos não segurados”.
Vem e verás
A sala de imprensa da Santa Sé publicou no dia 23 de janeiro a mensagem do Papa Francisco para o 55.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que ocorrerá no dia 16 de maio: Solenidade da Ascensão do Senhor, com o tema: “Vem e verás. Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.
O tema do Dia Mundial das Comunicações se baseia na passagem do Evangelho de São João (1/46) e o Santo Padre quis “dedicar a Mensagem à chamada a ‘ir e ver’, como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação de um jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social”.
Daí a observação de Paul Krugman, citando a “análise de corrida de cavalos, sobre como ela se desenrola, e não o que há nela”. Krugman, sem dúvida, poderia ganhar também, caso existisse tal laurel, o Nobel de Belas Sacadas.
Em busca da verdade
O alerta do Papa contra notícias falsas, em 2018, mereceu um editorial da Folha de Londrina, edição do dia 15 de maio:
– O papa Francisco aproveitou o Dia Internacional das Comunicações Sociais, comemorado no último domingo (13), para fazer mais um alerta contra as fake news. Notícias falsas são uma forma de imprensa marrom que consiste na distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou ainda online, como nas mídias sociais.
Ao saudar os jornalistas que se “comprometem a buscar a verdade das notícias, contribuindo para uma sociedade justa e pacífica”, o pontífice lembrou o perigo que representa a indústria de notícias falsas para a democracia e para uma sociedade mais justa. O líder da Igreja Católica já vem se mostrando preocupado com a disseminação de mentiras pela internet e vê no jornalismo profissional um importante aliado no combate às notícias falsas.
PS: O jornalismo é antes de tudo a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.
Cláudio Abramo
Para ir além
Charlie Parker do swing ao bebop
Torto Arado
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