A piada é (bem) velha, mas, infelizmente, ainda poderá circular por aí. Em novembro, teremos eleições municipais, quando serão eleitos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 5.568 municípios do país. A piada: um candidato, em pleno comício, mostra o bolso vazio aos possíveis eleitores e garante de maneira peremptória:
– Nesse bolso nunca entrou dinheiro público!
Aí, alguém grita lá de trás pra todo mundo ouvir:
– Calça nova, hein…
A exceção fora dos trilhos
Muito já foi dito sobre o jogo do bicho, inclusive que era a única coisa honesta no Brasil. Se é, nem sempre foi assim. Basta ler o livro Trens, de Arnoldo Monteiro Bach, publicado em 2008:
– A data histórica de sua primeira viagem é o dia 30 de abril de 1854. O Brasil ganhou novos contornos. E a corrupção, novos caminhos. O jogo do bicho, que era diário e livre em todo o Brasil, tinha resultados transmitidos pelo telégrafo. Somente no dia seguinte é que, nas malas especiais ou por cartas enviadas pelo Correio, as listas chegavam aos chamados chalés (que antecederam as casas lotéricas).
– Alguns telegrafistas fraudavam os telegramas, anotando resultados falsos, que eram as milhares, centenas ou dezenas que haviam apostado. Recebiam o dinheiro dos palpites, mas não escapavam da punição, que incluía a demissão. Até que, em 1941, o jogo do bicho foi declarado ilegal, proibido pelo Decreto-Lei número 3.688 e considerado contravenção juntamente com jogos de azar, atividade de cassinos e exploração não autorizada de loteria.
Novos tempos
E, algo altamente previsível, o jogo do bicho pegou carona com a alta tecnologia. Basta ver que, hoje, temos também apostas online. Isso mesmo. Multiplicaram-se as casas especializadas em bancar as apostas vindas diretamente de um computador, celular ou tablet.
Mas, pela lei, continua uma contravenção. A ser punida por quem, como na política, só pensa em encher os bolsos a qualquer preço.