Já que esse mundo é uma bola…

O tricolor do Taboão era o segundo time de muitos torcedores

De passagem pelo bairro do Taboão, um amigo, fanático por futebol, voltou no tempo, lembrando o CAP. O falecido Clube Atlético Primavera. O CAP surgiu no dia 20 de dezembro de 1930. Entre os fundadores, João Loprete Frega (que daria nome ao estádio a partir de 1940), Bôrtolo Gava, Máximo Zeni, Vitório Bevervanso e Antônio Lago.

Tricolor, o tricolor do Taboão: cores verde, preta e branca. Era o segundo time de muitos torcedores do então Atlético Paranaense, Coritiba e do também então Ferroviário.

Da suburbana à elite

O bom desempenho do time nos campeonatos da suburbana levou o time à divisão profissional, em 1961. A estreia, em abril daquele ano, não foi das melhores: levou de 5 a 1 do Operário, em Ponta Grossa. Acabou em nono lugar na classificação final. Em 1969, já com José Pedroso de Morais na presidência, o clube deixou o campeonato paranaense.

O time não era lá essas coisas, mas o Primavera agradava até pelo próprio estádio, o João Loprete Frega, que ficava no Taboão. Contava com a chamada ponte aérea, que transpunha o alambrado, ligando o vestiário ao gramado. Ponte aérea também batizada de túnel aéreo.

Como o alambrado ficava muito próximo do campo, quem mais sofria era o bandeirinha. Não raramente a torcida pegava no pé do dito cujo, que estaria prejudicando o time. No meio dos xingamentos de praxe – ladrão!, gato!, gaveteiro! – alguém inovou em determinado jogo: baixinho, gordo e corcunda, o bandeirinha foi brindado com um comentário desconcertante:

– Aí, garagem de sapo!

A torcida caiu na gargalhada. O bandeirinha fez que não ouviu nada.

Tirando o time após o 15 a 5

No estadual de 1969, o tricolor do Taboão teve seu pior desempenho, ficando na última colocação (14° colocado) com 15 pontos em 25 jogos: 5 vitórias, 5 empates e 15 derrotas. Diante disso (e das consequentes dificuldades financeiras para manter um time profissional), o presidente José Pedroso de Morais solicitou o afastamento das competições organizadas pela Federação Paranaense de Futebol pelo período de um ano. A ideia era consolidar o patrimônio do clube e retornar, mas o Clube Atlético Primavera nunca mais voltaria às competições profissionais. Assim, a sua última partida oficial como profissional ocorreu na penúltima rodada do campeonato de 1969, no dia 12 de julho, perdendo por 3×1 para o (então) Ferroviário. Isso porque, na última rodada, o jogo seria contra o Grêmio Maringá, no estádio João Loprete Frega, mas a partida foi cancelada.

Em nove anos na primeira divisão, a sua melhor colocação foi em 1964 – com um 4° lugar.

Mudando de cenário

Com o fim do time de futebol, no final de 1969, a diretoria tratou de vender o estádio. Na década de 1970, o clube comprou a propriedade do antigo Convento Irmãos Maristas e inaugurou a sua nova sede, em Almirante Tamandaré, contando com parque recreativo e atividades sociais. Ficou somente na lembrança o Tricolor do Taboão, campeão na divisão amadora e integrante do futebol profissional.

Clubes em quadrinhos

Ainda sobre o nosso futebol: tempos atrás, ainda em Curitiba, foi lançada a série Café Alvorada no Esporte. Distribuição gratuita. Pesquisa e textos de Maurício Fruet e desenhos de um tal de Pancho. A publicação, ilustrada como como se fosse um gibi, trouxe a história do então Clube Atlético Ferroviário (que acabaria virando Paraná Clube), do Atlético (que viraria Athletico Paranaense) e do Coritiba. A série focalizaria outros clubes, como Britânia Sport Club, Água Verde, Primavera, mas foi interrompida.

Não que os autores tivessem recebido cartão vermelho.

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