E vale recorrer à velha lição da pasta de dente     

Por conta da altamente previsível investida contra o sistema eleitoral, já que o cacife presidencial é baixo e faz lembrar a tal gripezinha, os alertas se sucedem

Na edição de quarta-feira, a Folha de S. Paulo deu a notícia com o devido destaque: – A renovada ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral, que trouxe a palavra golpe de volta à ordem do dia desta vez com o uso ostensivo dos militares na equação, começa a enfrentar resistência em Brasília. Tanto o Ministério da Defesa quanto o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na leitura intuitiva de lados opostos da disputa, trabalham para arrefecer a crise das últimas semanas. O sucesso da empreitada não está garantido, mas sinaliza que a ruptura pretendida por Bolsonaro não é tão facilmente exequível.  

E aí, um leitor, que, mantendo a rotina, já tinha acessado o Plural pela manhã, recorreu a seus arquivos, mais precisamente a uma entrevista que teve como título A lição da pasta de dente. Está numa edição da revista UFO – Revista Brasileira de Ufologia – publicação do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV). E nela, com trechos devidamente sublinhados, temos uma entrevista de Yvonne Smith, uma estudiosa do assunto. Falando sobre memórias resgatadas via hipnose regressiva, ela cita uma expressão muito conhecida nos Estados Unidos:  

– Uma vez que a pasta de dente saiu do tubo, não tem como voltar.  

E o nosso amigo, endossando novamente a assertiva, qualidade de algo que é afirmativo, positivo e certo, como um comportamento ou ação, reforçou a esperança de que o tal presidente seja um dentifrício já bem no fim do tubinho.  

Avisos e alertas seguidos  

Assim sendo, e ainda lamentando, ele recorreu aos arquivos do site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim (Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1943 — Rio de Janeiro, 10 de julho de 2019), o para sempre admirado PHA.

E temos, sobre o suposto presidente:  

– Uma das marcas registradas do deputado e ex-capitão Jair Bolsonaro sempre foi não medir palavras, dando a entender que não pensava antes de abrir a boca em público. Foi assim que se sobressaiu na obscura bancada do baixo clero na Câmara. Escapou do ostracismo pela incontinência verbal.  

Com 28 anos de mandatos em Brasília, lançou-se ao Planalto sem qualquer chance visível. Continuou falastrão na campanha, venceu as eleições e pensou-se que moderaria o discurso, para se adequar à liturgia e à representatividade do cargo que passou a ocupar. Sete meses e meio de mandato demonstram que Bolsonaro continua o mesmo — como disse ao Globo —, sem dar importância aos estragos institucionais que provoca, não só internamente.  

Falando (sempre) o que não deve  

Nos últimos dias, o presidente tem sido especialmente produtivo em falar o que não deve, em usar termos chulos, em investir contra o decoro da Presidência da República. À costumeira agressividade de quando trata de temas políticos, sempre abordados de maneira radical, Jair Bolsonaro acrescentou uma fixação escatológica. É no mínimo exemplo de má educação, de inconveniência. Por partir de um presidente da República, isso não é ignorado pelo mundo afora e afeta a imagem do país, com prejuízos concretos. No descontrole em que se encontra Bolsonaro, interesses diplomáticos envolvendo a economia já começam a ser afetados. E ele continua especialmente produtivo em falar o que não deve, em usar termos chulos, em investir contra o decoro da Presidência da República.  

PS: como bem se vê, chegamos onde estamos e não foi por falta de aviso(s).  

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