É pra rir ou pra chorar. Ou as duas coisas?    

Durante motociata na Disney, feliz da vida, Bolsonaro deu uma de Tio Patinhas, que costumava mergulhar numa piscina cheia de dinheiro até a borda...

A que ponto chegamos por conta do desgoverno federal. A revista Carta Capital desta semana traz como assunto de capa Amazônia sem lei – o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira choca, mas até não surpreende. No Brasil de Bolsonaro, quem manda na floresta é o crime. E uma tremenda matéria de Fabíola Mendonça mostra que, “sob Bolsonaro, as facções descobriram que saquear a floresta pode ser tão lucrativo quanto o narcotráfico e, os riscos, menores. Bruno Pereira e Dom Phillips são vítimas desse processo”.  

Dom Phillips e Bruno Pereira.

Outro texto, igualmente arrasador, preenchendo duas páginas, com fotos, é um verdadeiro nocaute, até por apropriadamente citar Pato Donald e o Tio Patinhas. Assinado por Mino Carta, diretor de redação, recebeu o título Brasil mitológico.  

– A democracia está na boca de todos, embora não possa vingar no país mais desigual do mundo.  

– Conforme o IBGE, 30% da população morre de fome e cerca do dobro teme sofrer a mesma sorte. Nunca tantos nativos dormiram nas calçadas, nunca tantos temeram o pior, nunca tantos já o vivem. Enquanto isso, Bolsonaro vai a Orlando e lá celebra o aniversário da Disney, evento retumbante que o induz a promover uma motociata para deslumbrar Tio Sam. E, naturalmente, o ex-presidente Trump, ainda cultuado, insisto, pelo nosso presidente, a maioria dos brasileiros o elegeu. Prossigo na pergunta: seria esta a democracia? Cabe apenas perguntar a Bolsonaro se prefere Mickey Mouse ou o tio do Pato Donald, o Patinhas, que costumava mergulhar em uma piscina cheia de dinheiro até a borda.  

PS: sobre dinheiro até a borda, temos agora a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, em São Paulo, alvo da Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, por prática criminosa para a liberação das verbas públicas. E Bolsonaro, é claro, tratou de lavar as mãos: “Ele que responda pelos atos dele”. No mês passado, no entanto, tinha afirmado que colocava a sua “cara no fogo” por Ribeiro, já que o teria escolhido a dedo. Se já fomos o país do carnaval, hoje somos o país da(s) tramoia(s)?  

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