Como previsto, do suposto presidente da República pode-se esperar de tudo. Mas, desta vez, ao recorrer aos militares, apelando para um (novo) golpe civil-militar, como ocorreu em 1964, a vaca foi definitivamente pro brejo – e com todo o respeito aos bovinos. Isso porque o dito cujo, suposto supremo mandatário do Brasil, tem pouca coisa na cabeça. E parece não lembrar que já foi escorraçado, isso mesmo, do Exército, fazendo por merecer plena e totalmente o adjetivo (mandado embora com desonra; expulso).
E, já que lhe falta (até) um mínimo de memória, vale lembrar uma entrevista feita em 1993 e que virou livro de Maria Celina D’araujo e Celso Castro, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O entrevistado? Não era um capitão, mas um general, o general Ernesto Geisel, quarto presidente da ditadura civil/militar de 64. Nela, o ex-general de plantão da dita redentora não deixa por menos:
– Jair Bolsonaro é um mau militar que pedia um novo golpe.
Ainda da entrevista: Geisel afirmou que os “militares devem ficar fora da política partidária, mas não da política geral”. Segundo ele, todo político que começa a se “exacerbar em suas ambições logo imagina uma revolução a cargo das Forças Armadas”.
E, sobre golpe, Constituição e democracia, vale lembrar outro general, ele mesmo, Henrique Duffles Teixeira Lott. Grande figura, como militar e cidadão. Era sucinto quando políticos golpistas tentavam cooptá-lo para uma conspiração, visando um golpe civil/militar. O general encarava o(s) golpista(s) e fazia uma pergunta fulminante:
– Está no livrinho? Não? Então, caia(m) fora!
O livrinho era a Constituição de 1946.