Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Depois de tomar uma e muitas outras num boteco, a dupla embarca no carro e vai em frente. Algumas quadras depois, Vinicius, meio preocupado, dá um conselho/sugestão a Tom:
– Vai devagar. Temos de dobrar na próxima esquina…
Tom responde ao poetinha:
– É, mas é você quem está dirigindo…
O episódio faz parte do livro Faíscas Verbais: A Genialidade na Ponta da Língua, de Márcio Bueno, Editora Gutenberg, 2016.
O tempo passa e o velho me deu um branco continua marcando presença. Nos bares da vida, então, nem se fala. O mais corriqueiro é o sujeito pagar a conta, dar um tchau e tirar o time, voltando apressado e aflito, logo em seguida:
– Esqueci meu celular!
Pois é, esquecer o celular ao sair de casa raramente acontece.
Já nos botecos…
Comum é esquecer o guarda-chuva.
– Cheguei debaixo d’água, mas depois saiu um solão…
Vai daí que, dias atrás, no Juvevê, mais precisamente no Bar Luzitano (com Z), um cabôco causou certo espanto: não tinha esquecido o guarda-chuva ou o celular, muito pelo contrário, mas sim a dentadura. Isso mesmo, a dentadura. Como o prato do dia era coisa leve, fácil de deglutir, a dita cuja dentadura foi dispensada e repousava ao lado da bandeja, num guardanapo de papel.
Diante do inusitado, há quem tenha sugerido a adoção do checklist de aeroporto também nos bares: aquele guia para conferir as coisas e não esquecer nada. A começar pelo guarda-chuva, pagar a conta e até a dentadura.