Algo arrasador, ou arrazador, como escreveria um ex-ministro da Educação do (des)governo bolsonarista, é o assunto de capa da revista Carta Capital desta semana, com fotos, é claro, de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, que, “depois de corromper o sistema de justiça e semear o bolsonarismo, retornam à disputa eleitoral, agora sem disfarce”.
O título: – O crime compensa. O partido da Lava Jato agora é oficial.
A matéria, assinada por Maurício Thuswohl e Rodrigo Martins, destaca, é claro, o papel da (então) badalada República de Curitiba – com direito a painéis de grande porte, fotos da equipe e a velha bravata “Aqui a lei se cumpre”. E ressalta que “setores da mídia parecem dispostos a voltar a inflar o balão de Moro – e Bolsonaro é o que mais tem a perder com a entrada do ex-juiz”. Outra matéria, de Aldo Fornazieri, com o título O método Moro, mostra que ele quer se livrar do intermediário, posto que, “ao contrário de Bolsonaro, o ex-ministro é sistemático, calculista e persecutório”, mas destaca que, “nas deficiências intelectuais, os dois são muito parecidos”.
A democracia privatizada
E temos, páginas adiante, a coluna de Esther Solano, com o título Ele não, “posto que Moro e a Lava Jato acabam com a política, a democracia e a Justiça”. Esther Solano é doutora em ciências sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
– O Lavajatismo transformou a justiça num linchamento moralista, teatral, messiânico, hiperpunitivo, antipolítico. Transformou o mundo das togas numa militância medíocre, megalomaníaca e destrutiva. A Lava Jato representou a criminalização da política, do Estado, do público, representou o argumento perverso da privatização da democracia, da substituição do público por um sistema privado que seria menos corrupto e mais eficaz. A Lava Jato teve como legado o total desencantamento com a política que deixou a porta aberta para o fascismo. Como sempre repito, a Lava Jato pode estar acabada, mas o Lavajatismo e sua potência simbólica continuam muito vivos. Triste Brasil se esta for sua terceira via. Da minha parte, lutarei com todas minhas forças contra o nome de Moro como candidato. É inadmissível.
PS: de fato, é o fim da picada, ou seja, o fim de um caminho – mas, com o passar do tempo, a expressão virou sinônimo de absurdo.